Consta nos Anais da História Universal que no século VIII a. C. os gregos num “período de instabilidade, por questão de segurança, várias tribos se uniram formando comunidades independentes, que deram origem às pólis ou cidades-estados. tinham como ponto central a acrópole, parte mais alta da povoação, governada pelo conselho de aristocratas, os eupátridas” (1).

Os séculos se foram e, com eles, a Antiguidade Clássica. Depois, vieram a Idade Média, a Idade Moderna, a Idade Contemporânea (séculos XVIII e XIX) e a Idade Contemporânea (século XX e início do XXI). Estamos, portanto, na terceira década do século XXI da Era Cristã (fala-se do mundo ocidental), ou seja, distantes mil anos das pólis gregas. Vivemos, então, a Era das megalópoles, das metrópoles, das cidades grandes, médias, pequenas; das vilas, vilarejos, etc. Ouvimos, com frequência, além de “cidade”, outros dois termo derivados: “cidadão” e “cidadania”.
Sobre o Brasil, já sabemos mais ou menos como são as quase seis mil cidades espalhadas nos 8,5 milhões de km2, do país (a foto ao lado, ilustra bem esse quadro). Porém, nesse contexto, pergunta-se: quem é o cidadão brasileiro? Ou como é exercida a sua cidadania? A CF/88 – a Carta Cidadã, segundo o saudoso deputado Ulisses Guimarães -, fortaleceu muito o exercício da cidadania no Brasil.
Um país, no entanto, com tantas desigualdades em todos os aspectos, como o Brasil, permite ao seu povo ser chamado de cidadão com deveres cumpridos e direitos usufruídos? E a cidadania, tão propalada ultimamente, consiste apenas ao direito (ou obrigatoriedade) de votar e ser votado, ou trata-se de um conjunto de valores individuais e sociais promovidos pelos Estado, como: segurança, educação, trabalho, lazer, moradia, entre outros.
Em 1979, por exemplo, o cantor e compositor mineiro Zé Geraldo, o qual, no próximo dia 9 de dezembro estará completando 79 anos de idade, lançou Cidadão. Sucesso nacional, apesar do já capenga regime militar que teve seu fim em 1985. Nesse mesmo ano, outro Zé, o Ramalho, lançou Admirável Gado Novo, sobre os sem terra. Duas belas canções. Dois sucessos. Duas críticas sociais.
Recentemente, o nosso blog adquiriu numa Feira de disco/livro que funciona no centro da cidade de Recife (PE), o LP “Terceiro Mundo”, de Zé Geraldo. São 10 músicas. Nove delas de autoria citado artista e uma, Cidadão, de Lúcio Barbosa. Lúcio foi um cantor e compositor baiano , falecido em 2022, aos 74 anos de idade. Essa música é um clássico do cancioneiro brasileira. Gravada, também, por Luiz Gonzaga, Zé Ramalho, Renato Teixeira e Elymar Santos. É considerada por muitos críticos musicais, como o hino do pedreiro. O poema canção está dividido em 4 estrofes. A seguir a íntegra original da composição (conforme encarte da gravadora/79):
“CIDADÃO
Tá vendo aquele edifício moço?/Ajudei a levantar/Foi um tempo de aflição/Era quatro condução/Duas pra ir, duas pra voltar/Hoje depois dele pronto?-/”oio” pra cima e fico tonto/Mas me chega um cidadão/E me diz desconfiado, tu taí admirado/Ou tá querendo roubar?/Meu domingo tá perdido vou pra casa entristecido/Dá vontade de beber/E pra aumentar o meu tédio/Eu não posso “oiá” pro prédio/Que ajudei a fazer.
Tá vendo aquele colégio moço?/Eu também “trabaiei” lá/Lá que quase me arrebento/Fiz a massa pus cimento/Ajudei a rebocar/Minha “fia” inocente/Vem pra mim toda contente/Pai vou me matricular/Mas me diz um cidadão/Criança de pé no chão/Aqui não pode estudar/Esta dor doeu mais forte/Porque que eu deixei o Norte/Eu me pus a me dizer/Lá a seca castigava mas o pouco que eu plantava/Tinha direto a comer.
Tá vendo aquela igreja, moço?/Onde o padre diz amém/Pus o sino e o badalo/Enchi minha mão de calo/Lá eu “trabaiei” também/Lá sim, valeu a pena/Tem quermesse, tem novena/E o padre me deixa entrar …
Foi lá que Cristo me disse/Rapaz deixa de tolice/Não se deixe amedrontar/Foi eu quem criou a terra/Enchi o rio, fiz a serra/Não deixei nada faltar/Hoje o homem criou asa/E na maioria das casas/Eu também não posso, entrar (1)”.
Respeitável leitor (a) tire aqui as suas próprias conclusões. Pergunte a si mesmo (a): que cidadão/cidadã sou eu? Ou que cidadãos somos nós, os brasileiros? Apesara de todas as garantias constitucionais, posso participar diretamente da sociedade que estou ajudando a construir? A capa de “Terceiro Mundo”, diz muto, apesar de mais de 40 anos de sua publicação sobre a cidade, o cidadão e a cidadania que se vivencia no Brasil de hoje.
Notinha útil – As famílias Barros/Xavier e Gomes/Silva, já estão preparadas para comemorar o 1º do nascimento do belo Heitor, lá na capital de Pernambuco. Seus pais, o médico David e a psicóloga Winnie, estão radiantes, é óbvio. Recebam, todos, os parabéns do Facetas.
Por Angeline e Francisco Gomes.
Fontes: 1. Vicentino, Cláudio. História Geral. – ed. atual. e ampl. – SP: Scipione, pág. 66, 2002; 2. LP “Terceiro Mundo“, de Zé Geraldo, SP: CBS, 1979.