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| Capa do Lp Velô |
No último dia 17 deste mês este Facetas publicou OS PODRES PODERES BRASILEIROS. O tema reporta-se não apenas como uma crítica sobre o Brasil atual, nos setores social, econômico e político, principalmente, mas, também, pela fragilidade que passam os poderes constituídos.
Ainda em 84, o cantor e compositor baiano Caetano Veloso, considerado por alguns como polêmico e por muitos como opositor ferrenho desde os anos 60, a toda e qualquer ditadura, fosse aqui ou fora do país; na América Latina ou não, lançou o LP (disco de vinil) Velô, com 11 faixas, pela gravadora Philips, com canções como Pulsar, O Quereres, Língua (participação especial: Elza Soares, Podres Poderes, entre outras.
4. Que sempre precisará de ridículos tiramos? Sempre. As ditaduras latino-americanas já ocorridas foram cíclicas (isso é fato; é constatação. Não é uma “estúpida retórica”, nem é espantoso dizer que já viu “esse filme passar”). A ditadura só muda de endereço. Ora se instala no Chile, na Argentina, no Haiti, em Cuba, no Brasil, no Peru, na Venezuela (a bola da vez), etc.
5. Índios e padres e bichas, negros e mulheres e adolescentes. Fala-se tanto em movimentos sociais daqui e dali, ou ainda as minorias, que, até soam bem aos ouvidos dos “senhores do poder” lá no andar de cima (por onde fazem as famigeradas audiências públicas, de mentirinha, é claro). Aqui embaixo, no térreo, onde ficam as camadas sociais menos assistidas pelo chamado “poder público”, a realidade dessas classes citadas nos versos acima, a realidade é outra, principalmente a das mulheres. Não há como “cantar afinado” com os detentores do poder. “Tudo é muito mau”.
6. Com sua burrice fará jorras sangue demais. “Cada capataz” deveria está mofando nas masmorras pelos crimes ativos ou passivos praticados por seus patrões, nos pantanais, nas cidades, nas caatingas, e, principalmente nas Minas gerais que choram dia e noites a estúpida perda de seres humanos, da flora e da fauna.
7. Nos salvam, nos salvarão dessas trevas. Quem? Quem entre nós terá coragem de romper os grilhões da mediocridade, da demagogia, da hipocrisia, da administração viciada, do “jeitinho brasileiro” (segundo o Arnaldo Jabor é o primeiro passo para se originar a corrupção), radicadas em todas as camadas sociais brasileiras? Quem é verdadeiramente autêntico dentro dos Três Poderes (os quis são independentes entre si, mas devem funcionar harmoniosamente, assegura a CF/88), capaz de abdicar de suas benesses advindas da coisa pública? Essas “trevas” não devem mais persistir! Precisamos ir “mais fundo”.
8. Enquanto os homens exercem seus podres poderes/Morrer e matar de fome, de raiva e de sede/São tantas vezes gestos naturais. O genial Chico Anysio dizia que o cidadão brasileiro (de bem) tem medo do futuro, os políticos, do passado. A maioria desse indivíduos já chega ao poder (seja municipal, estadual ou federal) com a nítida intenção em tapear o povo, a nação. Para os que assim agem (uma minoria) ver ou saber que parcela da população morre de fome, de raiva ou de sede é a coisa mais natural do mundo. Um detalhe: só não lembram esses impiedosos que um povo irado é bicho indomado. E a ira do brasileiro já chegou ao nível 8 numa escala de 0 a 10. Qualquer hora dessas todos os “Nero” que agem contra a sociedade vão ter de pular de suas sacadas de luxo, de seus gabinetes intransponíveis…
Os versos abaixo são do grande poeta russo Vladimir Maiakovski (1893-1930), extraídos do poema No Caminho (há quem garanta não ser dele esse tema. Não interessa. O importante é a realidade viva de seus versos, não no contexto russo da sua época, é lógico, mas do Brasil, dos tempos idos até a nossa atualidade. Assim:
Na primeira noite eles se aproximaram
e roubaram uma flor
do nosso jardim
E não dizemos nada
Na segunda noite, já não se escondem
pisam as flores,
matam nosso chão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra em nossa casa,
rouba-nos a luz,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta
E já não podemos dizer nada.
Senhores, nossa casa é a nossa dignidade; a luz é a nossa vida; nosso medo é o nosso silêncio; a voz da garganta é o eco do nosso protesto. Portanto, vamos dizer alguma coisa sim. A palavra esperança vem nos alimentando por meio do ato de esperar há muitas décadas; há cinco séculos. Não podemos mais ficar aguardando mudanças culpando apenas os Poderes “até que a Democracia se digne a aparecer no balcão (Maiakovski)”. Ainda há muito o que dizermos (e fazermos) para conter a categoria desses malfeitores que insistem em roubar-nos a luz do viver, da paz, da prosperidade, da moralidade, da dignidade.
Notinha Útil – Hoje pela manhã participamos de uma manifestação pública (sobre a Ponte Rio Negro – Manaus (AM), por algumas entidades religiosas, cujo tema era: BASTA: Automutilação, Depressão, Suicídio. O folder distribuído traz dados assustadores, como: a) “Estima-se que mais de 300 milhões de pessoas sofram de depressão em todo o mundo; b) 1.173.418 casos de automutilação notificadas no Brasil; c) No mundo todo, mais de 800 mil pessoas são vítimas de suicídio. Segundo a OMS é a 2ª causa de morte no planeta, entre jovens de 15 a 29 anos; d) A cada 40 segundos uma pessoa se suicida no planeta; e) Aproximadamente uma a cada cinco pessoas no mundo apresenta depressão em algum momento da vida; e f) No Amazonas, segundo os dados apresentados da SSP, 30 pessoas já tiraram a própria vida de janeiro a abril deste ano (2019).
Por favor, faça você também crescer esta campanha: SETEMBRO AMARELO É NOSSO.
Por Francisco Gomes e Winnie Barros
Fontes
1. Encarte do LP VELÕ, de Caetano Veloso, gravadora Philips, 1984.
2. www. recantodasletras. com.br
