Olá leitores, hoje a nossa temática aborda a síntese de três excelentes livros – de artistas brasileiros – lidos, nesta semana, pela nossa equipe. São eles: “Rita Lee: uma autobiografia”, pela própria, é óbvio; “Meu nome é ébano: a vida e a obra de Luiz Melodia”, de Toninho Vaz; e “O Raul que me contaram”, de Tiago Bittencourt. São obras fascinantes!
1 – RITA LEE. Sua autobiografia não tem atalhos. A autora vai direito ao ponto, ou seja, àquilo que deve ser contado. Sua carreira artística sempre foi marcada pela irreverência à ordem politicamente correta. Sua discografia – inserida à obra em análise – revele muito ao seu fá, ouvinte ou colecionador de sua produção. Porém, as 129 fotos contidas no livro – de familiares, de artistas ou demais pessoas de sua vivência – registram décadas de sua vida, desde a infância, por exemplo. Muito interessante!

Em pleno Regime militar imposto ao Brasil, Rita definia-se como “hiponga comunista com um pé no imperialismo”, quando era cobrada a assumir uma posição política país afora. Logo, logo percebeu que “Sexo, Drogas e Rock n’ roll não combinavam com Tradição, Família e Propriedade, ou você era esquerdette ou direitette” (1).
Seu relato em quase 300 páginas, tem início assim: com COISAS DA VIDA: “Quando a lua apareceu/Ninguém sonhava mais do que eu/Já era tarde/Mas a noite é uma criança distraída/Depois que eu envelhecer/Ninguém precisa mais me dizer/Como é estranho/Ser humano nessas horas de partida/ É o fim da picada/ Depois da estrada começa uma grande avenida/No fim da avenida/Existe uma chance, uma sorte, uma nova saída/Qual é a moral?/Qual vai ser o final?/Dessa história…/E não tenho nada pra dizer, por isso digo/Eu não tenho muito que perder, por isso jogo/Eu não tenho hora pra morrer, por isso sonho/São coisas da vida/E a gente se olha e não sabe se vai ou fica…” (1).
Obra fascinante da “ovelha negra da família”, como ela mesma diz, como era chamada pelo seu pai.
Fonte 1. “Rita Lee: uma autobiografia”/Rita Lee. – SP: Globo, 2016.
2 – LUIZ MELODIA. Nos anos 70, ele já compunha: “Lava roupa todo dia, que agonia…” Estrondoso sucesso na interpretação de Gal Costa. Estamos falando cantor, compositor e encantador carioca Luiz Melodia. Agora mais ainda, com a publicação desse imperdível livro do jornalista e escritor paranaense Toninho Vaz.
Apesar de ter dito que sempre foi “uma pessoa que nunca viu o sucesso”, esse artista nascido no bairro do Estácio, “ocupou seu lugar na história da música brasileira como um compositor inventivo e poético, e deixou obras-primas como “Pérola Negra”, “Estácio, Holly Estácio” e “Juventude Transviada”. No livro, sua trajetória é relatada para além da fama de artista maldito que acompanhou sua carreira e ditou seu status de outsider da MPM, revelando um artista íntegro, profundamente comprometido com sua obra, com seu legado e com seu tempo” (2), conclui o biógrafo.

Outro artista genial, Jards Macalé, sobre Melodia, escreveu: ‘Vindo da maior linhagem dos poetas/dos morros cariocas, criou algumas das melodias mais inusitadas/ e belas – além de escrever letras com imagens incríveis. No palco, um/sambista sempre elegante fazendo/fazendo aquele passo diferente no pé,/retorcendo o corpo esguio./E o violão extraordinário que tocava, cheio de acordes e/divisões estranhas, pouco/comuns?/Tudo na cadência bonita do samba” (2).
Independentemente de ser adepto ou não de música, recomendamos à leitura dessa publicação.
Fonte 2. Vaz, Toninho. “Meu nome é ébano: a vida e a obra de Luiz Melodia”. – 1. ed. SP: Tordesilhas,2020.
3. RAUL SEIXAS. Um exemplar dessa obra foi adquirida por Winne, no Recife (PE). Com 450 páginas trata-se de um trabalho indispensável a todo leitor, principalmente aqueles fãs de Raulzito. Seu autor é o jovem jornalista baiano Tiago Bittencourt, o qual saiu à procura de respostas para as perguntas de pessoas comuns, músicos, familiares, amigos, produtores, que tenham convivido ou não com o “maluco beleza”. Opiniões, por exemplo, de Marcelo Nova, Jerry Adriani, Ruy Castro, Kika Seixas, Vivian Seixas, entre outros.

Bittencourt nasceu em 20 de setembro de 1985, em Salvador (BA) e o mesmo tem vasta experiência no jornalismo, na sua Apresentação, cita trecho da canção “Cavaleiro das Estrelas”, de autoria de adrini composta em homenagem a Raul: “E mesmo que você vá por todos os universos/Sua luz brilhará como sol/Pela noite dos tempos/Leva amigo a certeza de nossa saudade/E que um dia nos encontraremos na eternidade” (3).
O prefácio é do cantor e compositor Cláudio Roberto, amigo de infância de Raul. Segundo ele, quando recebeu o telefonema de Tiago para prefaciar o livro, ficou surpreso quando se deparou “com o volume das folhas contidas no pacote”. Mas, “emocionado e feliz”, leu todas as páginas que resultou “O Raul que me contaram”.
Para quem ainda não sabia, juntos, Cláudio e Raul são os autores se sucessos como: Maluco Beleza, Aluga-se, Cowboy Fora-da-Lei, Rock das Aranhas, Novo Aeon e Sapato 36. “Muitas delas foram compostas num sítio em Miguel Pereira, região serrana do Rio de Janeiro, onde a placa “Barracão do Raul identifica a mística do lugar” (3).
Mais um livro recomendado pelo Facetas. A sua leitura é necessária.
Fonte 3. Bittencourt, Tiago. “O Raul que me contaram: a história do Maluco Beleza revisitada por um programa de TV.” – 1. ed. SP: Martin Claret, 2017.
Por Angeline, Francisco e Winne.