Olá leitores! O nosso tour de hoje refere-se ao giro que fiz, na semana passada: Manaus-Porto Velho-Vilhena, quando da visita a minha mãe Angelina Gomes, de 86 anos, que reside lá na fronteira do Estado de Rondônia com o Estado de Mato Grosso. Leiamos.
1 – Holocausto Brasileiro. Já em Vilhena (RO), fui presenteado pelo meu irmão Zeca Gomes, dono de uma inteligência fora do comum, e um grande conhecedor da literatura e da música brasileiras como pouco Brasil afora, com o livro “Holocausto Brasileiro”, da pesquisadora, a jornalista mineira Daniela Arbex (49).

Quando a gente pensa que já aprendeu um pouco sobre a História Oficial do Brasil, nem imagina terem ocorridos fatos tão tenebrosos como os investigados pela autora dessa obra. Tudo aconteceu no Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena, em Minas Gerais, conhecido apenas por Colônia, onde ocorreu um verdadeiro “genocídio: 60 mil mortes no maior Hospício do Brasil”.
Aquele Centro recebia diariamente centenas de pessoas para serem internadas (quase todas contra a própria vontade). “A maioria delas, no entanto, não tinha o diagnóstico de doença mental, eram homens e mulheres que haviam se tornado incômodos para gente com mais poder: homossexuais, prostitutas, epiléticos, mães solteiras, meninas ‘problemáticas’, mulheres engravidadas pelos patrões, moças que haviam perdido a virgindade antes do casamento, mendigos, melancólicos ou simplesmente tímidos” (1).
“Toda essa história de horror, cujas feridas não cicatrizaram – o Estado jamais veio a público pedir desculpas aos sobreviventes e a seus familiares -, é contada de forma emocionante”, avalia o jornal o “Estado de Minas”, sobre esse capítulo obscuro da História recente do país, trazido à luz da verdade por Arbex, o que torna a sua pesquisa, um marco do jornalismo investigativo no país.
Se a leitura do texto, em si, é de arrepiar, mais ainda, são as dezenas fotos dos “pacientes”: expressão de abandono, de medo, de sofrimento, e, às vezes, de contemplação. É tudo muito estarrecedor. Fica difícil acreditar que esse holocausto tenha ocorrido – e aqui -, em pleno século XX. O nosso leitor poderá certificar-se melhor adquirindo e lendo as 277 páginas de magnífico trabalho.
FONTE 1. Arbex, Daniela. Holocausto brasileiro. – 1. ed. RJ: Intrínseca, 2019.
2 – Revista de bordo. No avião da Azul, rumo a Porto Velho, já fui lendo a Edição Comemorativa de número 100, disponível aos passageiros. Nas páginas Memoria VIVA, estão dicas que são verdadeiras relíquias históricas de “algumas casas de celebridades”, como JK, Frida, Monet, Portinari, Saramago, Dalí, entre outras. Dessas, escolhemos duas para compartilhar com os nossos leitores, que poderão conhece-las, assim como as demais, é claro:

a). Museu Frida Kahlo. A casa fica no bairro Coyoacán, desde 1904, na Cidade do México. Lá “foi a residência de Frida, de seu nascimento, em 1907, até sua morte, em 1954. A construção conhecida também colo La Casa Azul é bastante espaçosa, por isso vale a pena reservar algum tempo para visitá-la” (2). São dois andares, onde cada compartimento tem as suas amostras. No térreo, por exemplo, ficam alguns trabalhos da artista, como as telas menores. Todo mobiliário é original. “A cozinha e a sala de jantar (foto) exibem o estilo clássico mexicano com tijolos amarelos e chão azul, vasos de cerâmica, pratos, talheres e copos artesanais” (2). Em outro canto da casa, as cinzas da artista estão em exposição.
b) Museu Casa de Portinari. Cândido Portinari (1903-1962), foi um dos maiores pintores brasileiros. Nasceu numa fazenda em Brodowski, no interior de São Paulo, onde “começou a fazer suas primeiras experiências com tintas, retratando personagens e cenário de sua cidade” (2), hoje tombada como Patrimônio Histórico, onde abriga um Museu desde 1970. “No acervo, há várias pinturas sacras (foto) feitas nas paredes e objetos de uso pessoal, além de mobiliário e utensílios da família que ficam em cômodos preservados na disposição original” (2). No jardim da casa está a pequena capela, feita pelo artista, assim como decorada por ele, para a avó.

FONTE 2. Revista AZUL (ed. comemorativa), nº 100, julho de 2022, pp.58 e 60.
3 – Amora. Em Porto Velho, estive no “Sebo do Miranda”, situado no Mercado Municipal Central, com o intuito de “garimpar” LPs e CDs. Para a minha surpresa lá estava “Amora”, o qual já procura havia muitos anos. Trata-se de um vinil lançado na década de 70 pelo talentoso cantor e compositor Renato Teixeira (77), um dos mais belos trabalhos de sua carreira musical. Apesar do mesmo dispensar maiores apresentações, são dele e parceiros de viola as inesquecíveis Romaria e Tocando a Vida.

O LP é contém 10 músicas, entre elas estão Amora, Cavalo Bravo, Mato Dentro, Antonia (Todas as crianças do mundo), Madrugadas de 68 e Sina de Violeiro. Dessas, apenas Canta Moçada, não é de sua autoria, mas sim, de João Salvador Perez e Alcides Felisbino de Souza. Todo o disco é belo, belo. Porém, Amora, tem uma sonoridade mágica. As suas duas primeiras estrofes são assim: “Depois da curva da estrada/Tem um pé de araçá/Sinto vir água nos olhos/Toda vez que penso lá. // Sinto o coração flechado/Cercado de solidão/Penso que deve ser doce/A fruta do coração”.
Não era pra menos. Além do magistral artista que é Renato, vejamos o excelente time de músicos que o auxiliaram nessa gravação – vale a pena cita-los: os arranjos de base são de Oswaldinho, Sérgio Mineiro e Rodolpho Grani; violão: Sérgio Mineiro; violão de 12: Carlão de Souza; baixo: Rodolpho Grani; percussão: Papete; acordeon: Oswaldinho; e os arranjos de orquestra: Luiz Roberto Oliveira.
Se você não tem esse disco, ouça-o pela Internet e faça as suas considerações. É show!
FONTE 3. LP “Amora”, de Renato Teixeira, SP: gravadora RCA/Victor, 1979.
Notinha útil – Na próxima semana, comemora-se os 200 anos da tal Independência do Brasil. É um fato histórico relevante? Sim, sem sobras de dúvida. Mas, alguns setores midiáticos já estão fazendo o estardalhaço sobre a data, ou seja, o que ocorreu antes, durante e depois do 7 de Setembro de 1822. Não precisa tanto, para a nossa melhor compreensão, o Facetas recomenda aos nosso fiéis leitores a análise das obras: “1822”; “Brasil: Uma História”; e “Cidadania no Brasil”, dos historiadores Laurentino Gomes, Eduardo Bueno e José Murilo de Carvalho, respectivamente.
Por Angeline, Francisco e Winnie.