Olá leitores! Nosso tour é sobre três memoráveis CDs adquiridos nesta semana para o acervo do Facetas. Após ouvi-los, resolvemos compartilhar com os nossos seguidores, um pequeno comentário sobre cada um deles: Água, de Paula Morelenbaum e João Donato; Luz das Estrelas, de Elis Regina. e Greatest Hits, de Artie Shaw.
1 – Água. Esse CD foi lançado pela gravadora BiscoitoFino (www.biscoitofino.com.br) em 2010, e contém 12 músicas, entre elas: Flor de Maracujá, Entre Amigos e A Paz. O disco é belo em todos os aspectos: produção, arranjos, interpretação, seleção musical, fotografias, encarte, etc. Tanto Paula (www.paulamorelenbaum.com.br), quanto Donato (www.joaodonato.com.br), dispensam maiores comentários. São artistas brasileiros do alto clero da música nacional.

Na contracapa do CD, consta este comentário de Pedro Sá: “Amizades, admiração, simpatia, muitos risos e aquela descontração que faz abrir as comportas da invenção musical. Do feliz encontro entre Paula e Donato em recantos sossegados do Rio de Janeiro nasce um disco para lavar a alma de quem acredita na música brasileira como riqueza inesgotável e em constante movimento. Água irriga e renova um repertório florido por imbatíveis clássicos donatianos, mas com espaço também para pérolas raras como “Entre Amigos”, parceria do acreano com Mongo Santamaria (1917-2003), gravada antes apenas pelo percussionista cubano. Participações e arranjos de músicos consagrados como Jaques Morelenbaum e Leo Gandelman se misturam à contribuição de talentos da nova geração como Beto Villares, Kassin, Marcos “Kuzca” Cunha, BossaCucaNova, Donatinho e a banda Paraphernalia. O resultado é cool, é caliente, é dançante, é emocionante… E cheio de novas bossas, com a produção – da própria Paula Morelenbaum e de Alex Moreira – ajudando a trazer tudo para o século 21. Musical como Raras Cantoras, ela dialoga em elevado nível com a genialidade de João Donato. A belíssima voz e o piano inconfundível acariciam ouvidos o tempo todo, sem deixar de surpreender a cada faixa. Um disco assim, só poderia surgir de um encontro em clima “tranx boladão” como define Donato, com gíria de eterno adolescente. Para entender o que isso significa, aperta o play…”(1).
2 – Luz das Estrelas. Confesso: não conhecia esse disco de Elis. Porém, é um primor musical, tal qual os demais trabalhos dessa inesquecível artista. São 10 músicas: No Dia Em Que Eu Vim Embora (Caetano-Gil), Velho Arvoredo (Paulo César Pinheiro – Hélio Delmiro), Triste (Tom Jobim), entre outras. Uma seleção impecável. O conteúdo foi gravado e mixado em 1984, mas, somente foi lançado em 1996.

A gravadora Som Livre explica melhor: “A origem deste trabalho está numa fita gravada por Rogério Costa durante a realização de um especial de Elis para televisão em 1976” (2). Ele tinha por hábito registrar todos os shows e especiais da irmã para seu arquivo particular. Rogério levou o material para a Som Livre, o qual – após passar por várias etapas de processo tecnológico fonográfico -, resultou neste CD de alta qualidade musical com canções memoráveis.
Após feitas as “adaptações”, ou seja, um trabalho de “laboratório”, resultado de um toque quase artesanal de criatividade e sensibilidade onde a preocupação maior foi manter total fidelidade ao que ela (Elis) gostaria de ter feito no disco que não chegou a ser gravado – sua morte prematura ocorreu em 19 de janeiro de 1982. Mas, a sua memória persistirá sempre. Eis aqui um exemplo.
3 – Greatest Hits. A gravadora RCA Victor conseguiu reunir 14 grandes sucessos num CD fantástico de Artie Shaw, cujas gravações originais ocorreram há quase um século, ou seja, entre 1938 e 1941. Nome artístico de Arnold Jacob Arshwsky (1910-2004). nascido em Nova Iorque e falecido na Califórnia. Foi um clarinetista de jazz famoso por clássicos como Begin The Beguine e Oh! Lady Be Good, incluídos neste CD.

Sobre Shaw o respeitado produtor e executivo da RCA Victor, Chauncey “Chick” Crumpacker (billboard.com), falecido em 2019, aos 91 anos de idade, disse: “As “Big Bands” dos anos 30 e 40, como os seus equivalentes roqueiros de hoje, sobreviveram de uma combinação de profissionalismo, promoção e talento. Solos imaginativos, arranjos emocionantes e inteligência musical foram necessários para absorver e criar novas experiências num mundo de constantes mudanças que é o mundo do Jazz. Artie Shaw tinha todos esses ingredientes em abundância. (…) Aos 15 anos, ele já estava tocando sax-tenor nos clubes locais e logo aprendeu o clarinete enquanto excursionava, no ano seguinte, com Jonny Cavallaro e sua banda” (3).
Em 1936, o jovem e talentoso músico faz suas primeiras gravações de significância. Nesse mesmo ano formou a sua própria orquestra, com novo tipo de conjunto (músicos e instrumentos), mas, faltou-lhe adeptos. Em 1938, Artie formou uma outra banda, que entrou para a história da música, no dia de sua primeira seção na RCA, com Beggin The Beguine ( de Cole Porter). “Artie Shaw num dos mais memoráveis solos de clarinete daquela época foi a primeira música gravada, vendeu 1 milhão de cópias” (3). Assim, como Any Old Time e Bag Shuffle.
“Depois de experimentar com a fusão do Jazz e Clássico, excursionando com grupos progressivos nos anos 50, o muitas vezes recluso Artie Shaw desistiu de tocar” (3). Nos anos 60 e 70, tornou-se produtor de teatro em NY. Por fim, “escreveu livros que relembravam as lutas e os triunfos da sua vida longa e surpreendente no mundo da música popular e do Jazz” (3).
É isso aí. Esperamos, de coração, que gostem dessas três obras ora apresentadas. São trabalhos de alta fidelidade musical. Não podem deixar de ser ouvidas, acreditem.
Por Angeline, Francisco e Winnie.
Fontes: 1. CD Água, de Paula Morelenbaum & João Donato. – RJ: Biscoito Fino, 2010; 2. CD Luz das Estrelas, de Elis Regina. – RJ: Som Livre, 1996; e 3. CD Greatest Hits, de Artie Shaw. – New York: RCA Victor, 1996.
Meu amigo Gomes, excelente. Parabéns a equipe pelo trabalho!
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