Vocês sabiam que existe um documentário de Manuel Bandeira, com direito a imagens e narração do poeta? Pois, é. Eu descobri recentemente no curso de escrita literária que estou fazendo (em breve irei compartilhar com vocês) e fiquei encantada com a obra audiovisual.
O documentário “O poeta do castelo” foi dirigido por Joaquim Pedro de Andrade em 1959, duração de 10 minutos. O Instituto Moreira Salles nos faz a descrição do filme: “o diretor filma o padrinho e amigo Manuel Bandeira em seu cotidiano. Lidos pelo poeta, seus versos acompanham e ressignificam os gestos banais de sua rotina no pequeno apartamento em que vivia no centro do Rio”.
No filme, Manuel Bandeira narra seus poemas “Testamento” e “Vou-me embora para Pasárgada”. Pois bem, decidi compartilhar o primeiro poema, disponível no site da USP:
Testamento
O que não tenho e desejo
É que melhor me enriquece.
Tive uns dinheiros – perdi-os…
Tive amores – esqueci-os.
Mas no maior desespero
Rezai: ganhei essa prece.
Vi terras da minha terra.
Por outras terras andei.
Mas o que ficou marcado
No meu olhar fatigado,
Foram terras que inventei.
Gosto muito de crianças:
Não tive um filho de meu.
Um filho!… Não foi de jeito…
Mas trago dentro do peito
Meu filho que não nasceu.
Criou-me, desde eu menino.
Para arquiteto meu pai.
Foi-se-me um dia a saúde…
Fiz-me arquiteto? Não pude!
Sou poeta menor, perdoai!
Não faço versos de guerra.
Não faço porque não sei.
Mas num torpedo-suicida
Darei de bom grado a vida
Na luta em que não lutei!
Ler o poema de Manuel Bandeira é emocionate, mas ouvi-lo narrar é uma experiência única. Segue o documentário para vocês assistirem:
Ahhh Manuel, Manuel. Perdoai-nos por escrever tão pouco sobre você, você merece mais, por ser um poeta MAIOR.
Gomes, Winnie e Angel.