Hoje é um dia especial. Então, para comemorarmos, selecionamos algumas poesias e músicas para exaltar a paternidade.
1. Pai Grande, Milton Nascimento
Meu pai grande
Inda me lembro e que saudade de você
Dizendo: Eu já criei seu pai, hoje vou criar você
Inda tenho muita vida pra viver
Meu pai grande
Quisera eu ter sua raça pra contar
A história dos guerreiros trazidos lá do longe
Trazidos lá do longe, sem sua paz
2. Espelho, João Nogueira
Êh, vida boa
Quanto tempo faz
Que felicidade
E que vontade de tocar viola de verdade
E de fazer canções como as que fez meu pai
De fazer canções como as que fez meu pai
E de fazer canções como as que fez meu pai
Num dia de tristeza, me faltou o velho
Que falta, lhe confesso, que ainda hoje faz
E me abracei na bola, e pensei ser um dia
Um craque da pelota, ao me tornar rapaz
Um dia chutei mal e machuquei o dedo
E sem ter mais o velho pra tirar o medo
Foi mais uma vontade que ficou pra trás
Êh, vida à toa
Vai no tempo, vai
E eu, sem ter maldade
Na inocência de criança de tão pouca idade
Troquei de mal com Deus, por me levar meu pai
Troquei de mal com Deus, por me levar meu pai
Troquei de mal com Deus, por me levar meu pai
E assim, crescendo, eu fui me criando sozinho
Aprendendo na rua, na escola e no lar
Um dia eu me tornei o bambambã da esquina
Em toda brincadeira, em briga, em namorar
Até que um dia, eu tive que largar o estudo
E trabalhar na rua, sustentando tudo
Assim sem perceber, eu era adulto já
Êh, vida voa
Vai no tempo, vai
Ah, mas que saudade
Mas eu sei que lá no céu, o velho tem vaidade
E orgulho de seu filho ser igual seu pai
Pois me beijaram a boca e me tornei poeta
Mas tão habituado com o adverso
Eu temo se um dia, ai, me machuca o verso
E o meu medo maior é o espelho se quebrar
E o meu medo maior é o espelho se quebrar
Meu medo maior é o espelho se quebrar
E o meu medo maior é o espelho se quebrar
O meu medo maior é o espelho se quebrar
E o meu medo maior é o espelho se quebrar
E o meu medo maior
Êh, laiá
3. Naquela mesa, Sérgio Bittencourt e Elizeth Cardoso
Naquela mesa ele sentava sempre
E me dizia sempre, o que é viver melhor.
Naquela mesa ele contava histórias,
Que hoje na memória eu guardo e sei de cor.
Naquela mesa ele juntava gente
E contava contente o que fez de manhã.
E nos seus olhos era tanto brilho,
Que mais que seu filho, eu fiquei seu fã.
Eu não sabia que doía tanto
Uma mesa no canto, uma casa e um jardim.
Se eu soubesse o quanto doi a vida,
Essa dor tão doída não doía assim.
Agora resta uma mesa na sala
E hoje ninguem mais fala no seu bandolim.
Naquela mesa tá faltando ele
E a saudade dele tá doendo em mim.
4. Os velhos, Carlos Drummond de Andrade
Todos nasceram velhos — desconfio.
Em casas mais velhas que a velhice,
em ruas que existiram sempre — sempre
assim como estão hoje
e não deixarão nunca de estar:
soturnas e paradas e indeléveis
mesmo no desmoronar do Juízo Final.
Os mais velhos têm 100, 200 anos
e lá se perde a conta.
Os mais novos dos novos,
não menos de 50 — enormidade.
Nenhum olha para mim.
A velhice o proíbe. Quem autorizou
existirem meninos neste largo municipal?
Os mais velhos têm 100, 200 anos
e lá se perde a conta.
Os mais novos dos novos,
não menos de 50 — enormidade.
Nenhum olha para mim.
A velhice o proíbe. Quem autorizou
existirem meninos neste largo municipal?
Quem infringiu a lei da eternidade
que não permite recomeçar a vida?
Ignoram-me. Não sou. Tenho vontade
de ser também um velho desde sempre.
Assim conversarão
comigo sobre coisas
seladas em cofre de subentendidos
a conversa infindável de monossílabos, resmungos,
tosse conclusiva.
Nem me vêem passar. Não me dão confiança.
Confiança! Confiança!
Dádiva impensável
nos semblantes fechados,
nos felpudos redingotes,
nos chapéus autoritários,
nas barbas de milênios.
Sigo, seco e só, atravessando
a floresta de velhos.
Todos nasceram velhos — desconfio.
Em casas mais velhas que a velhice,
em ruas que existiram sempre — sempre
assim como estão hoje
e não deixarão nunca de estar:
soturnas e paradas e indeléveis
mesmo no desmoronar do Juízo Final.
Quem infringiu a lei da eternidade
que não permite recomeçar a vida?
Ignoram-me. Não sou. Tenho vontade
de ser também um velho desde sempre.
Assim conversarão
comigo sobre coisas
seladas em cofre de subentendidos
a conversa infindável de monossílabos, resmungos,
tosse conclusiva.
Nem me vêem passar. Não me dão confiança.
Confiança! Confiança!
Dádiva impensável
nos semblantes fechados,
nos felpudos redingotes,
nos chapéus autoritários,
nas barbas de milênios.
Sigo, seco e só, atravessando
a floresta de velhos.
5. Envelhecer, Mário Quintana
Antes, todos os caminhos iam.
Agora, todos os caminhos vêm.
A casa é acolhedora, os livros poucos.
E eu mesmo preparo o chá para os fantasmas.
A equipe do Facetas deseja um Feliz Dia dos Pais. Eu (Winnie) e Angel, desejamos muita saúde e felicidade para o nosso pai, o escritor e idealizador do blog do Facetas, Prof. Gomes. Agradecemos por tanto e por tudo.
Winnie e Angel