Sim, fiquei anos sem ler livros literários. Isso aconteceu durante a universidade, não consegui gerenciar as leituras acadêmicas com as leituras literárias. Quando conseguia ler era um total de 2 a 3 livros por ano. Que coisa, hein? Mas, depois da faculdade a situação piorou.

Quando terminei a faculdade fui fazer mestrado e doutorado. E aí, foi só ladeira abaixo. Não conseguia dar conta nem das leituras obrigatórias. Olha que eu tentei, mas eu me sentia tão culpada por não estar estudando. Foi um período muito complicado. Infelizmente, tinha perdido o hábito de ler obras literárias.

Terminei o doutorado no início de 2020, estava decidida a retornar minhas leituras literárias. Aí veio a pandemia; dedicação ao trabalho na clínica (na época atuava como psicóloga clínica); participação de grupos de estudos; preparar inúmeros slides para ministrar aulas on-line. Adivinhem? Novamente meu projeto não foi a diante. Fui engolida pela leitura científica.

Após esse período turbulento da pandemia, consegui ser convocada para assumir um concurso como professora universitária em 2021. Senti o alívio de ter alcançado meu grande objetivo profissional. Adivinhem, na hora pensei: “agora vou retomar minhas leituras”. E consegui. Para além da leitura, eu queria me conectar com as artes. Então, fiz aulas de escrita criativa, e assim fui retomando, aos poucos, minhas leituras.

Este ano, 2023, tem sido o período com mais leituras literárias e tem feito um bem danado comigo. Não podemos viver só de leituras técnicas-científicas. Concordo demais com a posição de Ferreira Gullar: “a arte existe porque a vida não vida”; Nietzsche, também, disse: “temos a arte para não morrer ou enlouquecer perante a verdade”. É sobre isso.

Tem muito mais para compartilhar com vocês nessa jornada de leitora. Por ora, vocês conheceram um pouquinho da minha história.

Winnie Barros