38º tour cultural: o livro como presente

Olá, leitores! O nosso tour no final/início de ano foi nas livrarias, principalmente. Ainda mantemos a tradição – apesar do avançado estágio das tecnologias informacionais – da compra de livros, revistas, CDs, disco de vinil, etc para presentear amigos e familiares. Em contrapartida, também fomos presenteados com livros, entre outros. Entre 4, destacamos dois deles:

1 – O pequeno príncipe em cordel. O exemplar autografado pelo autor, é claro, o poeta pernambucano do Recife, Josué Limeira (59 anos) com ilustrações do também recifense Vladimir Barros (39 anos). É a “transposição do clássico de Antoine de Saint-Exupéry para o ambiente nordestino, O pequeno… se oferece ao leitor, com fidelidade ao enredo original, em nova roupagem, singular e comovente”.

“A história do “menino de cabelos amarelos”, que carrega consigo fortes referências sobre o lugar de onde veio e não desiste de buscar respostas nem acredita em outro sentido para viver senão o amor, é no fundo uma história sobre seres humanos que acreditam em riquezas como amor, amizade, delicadeza e fidelidade. Tesouros que não precisam ser buscados em outros planetas: estão bem aqui perto e nos fazem únicos no mundo, assim como a rosa do pequeno príncipe” (1).

Na apresentação, a professora de literatura em Recife, Cláudia Gomes, diz: “A leitura deste livro é um convite irresistível… para a criança ou para o adulto? A escolha é sua. Só sei que esta é uma história para seres humanos que acreditam em riquezas como amor, amizade, delicadeza e fidelidade”, cujos valores podem ser encontrados no nosso próprio mundo, seja o individual ou o coletivo.

Em 2016, o livro foi finalista do 58º Prêmio Jabuti, na categoria “adaptação de obra literária”. Agora, em edição revista. São 27 capítulos, do “O desenhista” ao “Um pedido” com versos como: O livro assim dizia:/Comem até sem mastigar/Com digestão de seis meses/Eles começam a roncar./Depois do sono profundo/Buscam presas pra caçar”; e “Últimas linhas escreve/Para um pedido fazer./É quase súplica minha,/Vocês vão bem entender./Não viverei sem isso,/Uma esperança me faz crer”, respectivamente.

2 – Vidas secas em cordel (também autografado), do mesmo autor e do mesmo ilustrador acima citados. Trata-se de outro livro interessante, no qual o cordelista registra com muito empenho a sua marca poética. Aliás, Vidas secas é uma obra-prima da literatura brasileira há quase um século.

Fiel à história originalmente narrada pelo escritor alagoano Graciliano Ramos, a adaptação em cordel, “também se passa no sertão nordestino, na seca, na miséria vivida por Fabiano, Sinhá Vitória, o filho mais velho, o filho mais novo e a cadela Baleia, em suas andanças em busca de sobrevivência”. Outro gênero, outra linguagem. Mas, a mesma história, pelo cordel. “Manifestação da cultura popular brasileira que se originou no Nordeste”, cuja “narrativa em versos metrificados e rimados, marcados pela cadência, presenteia o leitor de qualquer idade a força da oralidade, de saber bem brasileiro” (2).

Logo no 1º capítulo (“Mudança”), num total de 12, constam estes memoráveis versos: “Na planície avermelhada/Daquele sertão distante,/Juazeiros alargavam/Duas manchas verdejantes./De longe foram avistados,/Por trás dos galhos pelados/Da caatinga reinante”. Por fim, no capítulo “Fuga”, o poeta lamenta: “O sertão seco e rachado/Continuou a enviar/Essa gente retirante/Pra na cidade morar./Quando vinha a invernada,/Voltavam pra terra amada./Até a seca chegar”.

Débora Reis Tavares, mestra e doutora em literatura, na apresentação, garante: “Incluir Vidas secas em cordel como uma obra para ser lida na escola não apenas homenageia Graciliano Ramos, mas também promove uma apreciação mais profunda do cordel como gênero literário e da cultura nordestina como um todo. (…) Esse é uma história que revela as condições gerais de vida no Nordeste, evitando estereótipos simplistas enquanto mantém uma fidelidade impressionante à realidade de seus personagens” (2).

Nota: Outros dois livros, O baú do Raul por ele mesmo e Vô, me conta sua história ?, da holandesa Elma Van Vliet, ficam para artigo posterior. Aqui mesmo, no Facetas.

Muito bem, senhores leitores. Por aqui, já iniciamos firmes 2025 com o nosso tour no universo da música, da poesia, da literatura, enfim. As artes nos proporcionam uma enorme grandeza. Recomendamos tanto a leitura como os desenhos dos criadores Josué Limeira e Vladimir Barros, nos livros por nós analisados.

Por Angeline e Francisco Gomes e Winnie Barros.

Fontes consultadas: 1. O pequeno príncipe em cordel/Josué Limeira; ilustrador Vladimir Barros. – 2. ed. rev. 4 reimp. BH, Yellowfante, 2024; 2. Vidas secas em cordel/Josué Limeira; ilustrações Vladimir Barros. – 1. ed. BH, MG: Yellowfante, 2024.

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