Ontem, 8 de outubro, foi comemorado o Dia do Nordestino. A data comemorativa foi criada em 2009 pela Câmara Municipal de São Paulo, por meio da lei 14.952. É uma data muito especial, e necessária, pois exalta a cultura nordestina.
A data, 8 de outubro, foi escolhida para homenagear o nascimento do cantor e compositor cearense Antônio Gonçalves da Silva, conhecido como Patativa do Assaré. Esse ano completa 20 anos da sua morte (1909-2002).

Então, para comemorar esse dia, pesquisei e encontrei um belíssimo poema de Patativa do Assaré intitulado “Nordestino, sim, Nordestinado, não!”. A poesia está presente na obra “Ispinho e fulô”, publicado em 1988.
Nordestino, sim, Nordestinado, não!
Nunca diga nordestino
Que Deus lhe deu um destino
Causador do padecer,
Nunca diga que é o pecado
Que lhe deixa fracassado
Sem condição de viver.
Não guarde no pensamento
Que estamos no sofrimento
É pagando o que devemos.
A Providência Divina
Não nos deu a triste sina
De sofrer o que sofremos.
Deus o autor da criação
Nos dotou com a razão
Bem livres de preconceitos,
Mas os ingratos da terra
Com opressão e com guerra
Negam os nossos direitos.
Não é Deus que nos castiga,
Nem é a seca que obriga
Sofrermos dura sentença,
Não somos nordestinados,
Nós somos injustiçados
Tratados com indiferença.
Sofremos em nossa vida
Uma batalha renhida
Do irmão contra o irmão,
Nós somos injustiçados,
Nordestinos explorados,
Mas nordestinados, não.
Há muita gente que chora
Vagando de estrada afora
Sem terra, sem lar, sem pão,
Crianças esfarrapadas,
Famintas escaveiradas Morrendo de inanição.
Sofre o neto, o filho e o pai,
Para onde o pobre vai
Sempre encontra o mesmo mal,
Esta miséria campeia
Desde a cidade à aldeia
Do sertão à capital.
Aqueles pobres mendigos
Vão à procura de abrigos
Cheios de necessidades,
Nesta miséria tamanha
Não é permissão de Deus,
É culpa dos governantes.
Já sabemos muito bem
De onde nasce e de onde vem
A raiz do grande mal,
Vem da situação crítica
Desigualdade política
Econômica e social.
Somente a fraternidade
Nos traz a felicidade,
Precisamos dar as mãos,
Para que vaidade e orgulho
Guerra, questão e barulho
Dos irmãos contra os irmãos.
Jesus Cristo, o Salvador,
Pregou a paz e o amor
Na santa doutrina sua,
O direto banqueiro
É o direito do tropeiro
Que apanha os trapos na rua.
Uma vez que o conformismo
Faz crescer o egoísmo E a injustiça aumentar,
Em favor do bem comum
É dever de cada um
Pelos direitos lutar.
Por isto, vamos lutar,
Nós vamos reivindicar
O direito e a liberdade
Procurando em cada irmão
Justiça, paz e união,
Amor e fraternidade.
Somente o amor é capaz
E dentro de um país faz
Um só povo bem unido,
Um povo que gozará
Porque assim, já não há
Opressor nem oprimido.
Opressor nem oprimido.
Um poema emocionante, parece que foi escrito há pouco tempo. Viva o Nordeste! Viva o Nordestinos!
Até a próxima.
Winnie, Gomes e Angel