28º Tour Cultural: Literatura viva

Olá, leitores! O nosso tour do mês, para fechar fevereiro com chave de ouro, foi visitar bibliotecas escolares, abrindo o ano letivo de 2023. Por exemplo, a Escola Estadual Jairo da Silva Rocha, situada na Zona Leste de Manaus (AM),sob a gestão da professora Neucilene Colares, que funciona nos três turnos, dos ensinos médio e fundamental, tem uma excelente biblioteca, a qual é cuidadosamente administrada pela professora Nayana Silva Almeida, cujo espaço fica à disposição de discentes e docentes. Com a dinâmica bibliotecária, o Facetas adquiriu – como empréstimo, é claro -, três livros de leituras imperdíveis às crianças, jovens e adultos. A saber:

1 – “ARIANO Suassuna em Quadrinhos”. O roteiro é de Bruno Gaudêncio e as ilustrações de Megaron Xavier. São talentosos jovens escritores paraibanos de 29 e 27 anos de idade (à época: 2018), respectivamente, que literalmente se debruçaram sobre a obra do também paraibano, o notável escritor Ariano Suassuna (1927-2014) resultando no excelente Quadrinhos em questão. Aliás, é de Ariano este sábio provérbio: “Tenho duas armas para lutar contra o desespero, a tristeza até a morte: o riso a cavalo e o galope do sonho. É com isso que enfrento essa dura e fascinante tarefa de viver”.

Capa: Megaron Xavier

Na apresentação assinada por Bruno, consta: “Um dos mais queridos escritores brasileiros, notadamente entre o público jovem. Ariano Suassuna conquistou admiração da juventude devido às aulas-espetáculo que ministrou para auditórios lotados de estudantes em várias capitais do país” (1). Realmente será sempre lembrado como um grande escritor, um grande homem, um grande intelectual.

Segue Bruno: “A obra de Ariano dessa forma (de cunho regional), cobre um arco bastante diversificado de gêneros literários baseando-se realidade rural do Nordeste brasileiro, mas ganhando perspectiva de universalidade. Sua leitura é fundamental para a compreensão do Brasil e de valores que ele propagou em toda a sua vida até alcançar a merecida fama como um dos maiores criadores nacionais. E é bom não esquecer que suas popularíssimas aulas-espetáculo, como o próprio nome diz, eram espetaculares, sim, mas, também, didáticas. Através da presente publicação, os estudantes vão aprender muito sobre Ariano Suassuna e o Brasil. Uma boa leitura!” (1).

2 – “Chiquinha Gonzaga”, de Edinha Diniz. Pense numa obra apaixonante. Com muita habilidade, a autora traz, entre textos e fotos, um conteúdo riquíssimo sobre a ilustre compositora Francisca Edwiges Neves Gonzaga (1847-1935). Chiquinha “faleceu no dia 28 de fevereiro de 1935, aos 87 anos, no Rio de Janeiro. Dizem que no céu os anjos lhe deram passagem, cantando: ‘Ó abre alas que eu quero passar…’,verso da marchinha composta por ela em 1899, para o cordão Rosa de Ouro sair no carnaval. Ó abre alas iria atravessar o tempo e permanecer na memória dos brasileiros até os dias de hoje” (2).

Capa: Victor Burton

Apesar de ter estudado escrita, leitura, cálculo, francês, História, Geografia, catecismo e latim, era do piano que a jovem passava a maior parte do tempo livre. Aos 16 anos, já estava casada com o noivo escolhido por seu pai. O marido dela não gostava de música. Um dos motivos que fizeram a união chegar ao fim. “A decisão de abandonar o casamento custou a Chiquinha a expulsão da família e a maldição paterna: seu pai nunca a perdoou Naquela época, já era mão de três filhos” (2).

Chiquinha estreou como compositora em 1877, os 29 anos, e seguiu na criação artística sempre. Sua produção é surpreendente. Nos “deixou cerca de duas mil músicas, dos mais variados gêneros, e quase uma centena de partituras para teatro. Produziu uma obra fundamental para a cultura musical e é reconhecida como mãe da musica popular brasileira. Também é considerada pioneira de emancipação feminina no país. A sua vida é um exemplo de trabalho, de luta, de coragem e de profundo amor pelo Brasil” (2).

3 – “Os trabalhos da mão”, de Alfredo Bosi e ilustrações de Nelson Cruz. Trata-se de um livro interessantíssimo, criativo, cujo texto e ilustração formam o casamento literário perfeito. Por exemplo: “A mão do oleiro leva o barro ao fogo: tijolo”; ou “A mão do lenhador brande o machado e racha o tronco”. Bosi questiona: “Na Idade da Máquina, a mão teria, por acaso, perdido as finíssimas articulações com que se casava às saliências e reentrâncias da matéria?” (3).

Capa: Daniel Cabral

Em nota da edição, consta que essa obra originalmente foi publicada em 1977. Época, em que, segundo o autor “foram oito milhões os acidentes de trabalho só no Brasil de 1975”. Ano aquele, que “o país ocupou no mundo o primeiro lugar em acidentes de trabalho. O número vem sofrendo variações ao longo do desenvolvimento econômico do Brasil, mas nunca deixou de ser um problema estético singular, em um dos mais bonitos textos escritos em língua portuguesa sobre as mais deferentes funções que a nossa mão pode exercer” (3).

Mais uma vez, esperamos poder contar, com o prestígio dos nossos valiosos leitores, sobre os temas, obras e autores citados nesta edição.

Por Angeline e Francisco Gomes e Winnie Barros.

Fontes: 1. Gaudêncio, Brubo. Ariano Suassuna em Quadrinhos. – João Pessoa: Patmos Editora, 2ª ed., 2018; 2. Diniz, Edinha. Chiquinha Gonzaga. – SP: Moderna, 2001; e 3. Bosi, Alfredo. Os trabalhos da mão. – Curitiba: Posigraf, 2017.

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