A integrante do Facetas, Angeline Gomes, visitou um stand de livros que funciona na Faculdade de Farmácia da UFAM, e adquiriu alguns livros. Entre eles, três foram destacados para este artigo: “Lobão: 60 anos a mil” (2010-2020), de sua autoria; “História Antiga: Grécia e Roma” (a formação do Ocidente), de Flávia Maria Schlee Eyler; e “Ideias para adiar o fim do mundo”, de Ailton Krenak. São tão interessantes que resolvemos compartilhar as suas sínteses com os nosso seguidores. A saber:
1 – Lobão: 60 anos a mil. João Luiz Woerdenbag Filho, ou seja, o cantor e compositor carioca lobão (65 anos), para quem não sabe, também é escritor. Por exemplo, o seu trabalho acima citado, é melhor de que muitas obras feitas sob encomenda. O autor joga limpo e direto; papo reto com o leitor; sem filtros. Assim como fez Rita Lee em sua autobiografia.

Segundo a editora LeYa: “60 anos a mil descreve e analisa a última década de Lobão e do Brasil (2010-2020). Dez anos produtivos, criativos, dramáticos, felizes, turbulentos, polêmicos e frenéticos. Com quatros álbuns, um DVD, dez singles e cinco livros, Lobão se transformou num escritor cada vez mais maduro, renovou-se como artista e mergulhou no debate político, como crítico feroz do PT e da esquerda e também dos extremistas da direita” (1).
O autor diz o seguinte sobre essa sua publicação: “Decidi configurar os capítulos escritos especialmente para este 60 anos a mil de forma mais esquematizada do que os preparados há dez anos para a edição de 50 anos a mil. Isso incluiu a apresentação das devidas datas abaixo da numeração dos capítulos e de intertítulos para expor melhor os temas explorados. Decidi manter aquele livro inteiro por imaginar proporcionar, assim, uma sensação mais acentuada de mudança de tempo, a transformação do escritor na primeira parte e agora, dez anos depois” (1).
Lendo o livro, o leitor entenderá melhor o artista, a pessoa de João Luiz, que “viu nascer e crescer seu arsenal de ataques ao PT e à esquerda. Ajudou a dar voz a um novo pensamento de direita. Encantou-se e se aproximou de nomes como Olavo de Carvalho, até se decepcionar rápido e profundamente com Jair Bolsonaro e com o guru do presidente” (1).
2 – História Antiga: Grécia e Roma. Doutora em História, com ênfase nas Eras Antiga e Medieval. Quando do lançamento dessa obra, era professora nessa área da PUC-Rio. Apesar da escrita primar pelo absoluto rigor acadêmico, a coleção composta de quatro volumes (Antiga, Média, Moderna e Contemporânea do Ocidente), cada tomo pode ser adotado isoladamente na medida das necessidades específicas de professores e alunos, “das últimas séries do Ensino Médio, assim como por pessoas simplesmente interessadas em conhecer a história da nossa civilização” (2).

No volume em questão, por exemplo, e que trata trata das duas civilizações citadas, “a autora convida os leitores ao exercício de um pensamento que possa nos colocar diante dos problemas que os homens gregos e romanos enfrentaram e configuraram ao longo de sua História”, como “partilha do mundo”, entre esses dois povos, com diferentes tipos de organização humana.
A pesquisa é primorosa. Pois, “lançar questões para um mundo tão semelhante e ao mesmo tempo tão diferente do nosso pode ser enriquecedor para o ofício dos historiadores do século XXI na medida que nos permite olhar de frente a questão da diferença e da alteridade no trajeto da própria História Ocidental. Ao invés de construirmos um passado greco-romano para buscar origens que autorizem uma “superioridade” civilizatória ocidental, podemos encontrar outras possibilidades de identidade” (2).
3 – Ideias para adiar o fim do mundo. Seu autor 70 anos de idade. Nasceu na região do valo do rio Doce (que abrange os Estados de Minas Gerais e Espírito Santo), território do povo Krenak, ou seja, “um lugar cuja ecologia se encontra profundamente afetado pela atividade de extração de minérios”. Ativista ambiental e defensor dos índios, Ailton organizou a Aliança dos Povos da Floresta (ribeirinhos e indígenas da Amazônia). Desde os anos 70, é um destacado líder desses povos, com a criação da União das Nações Indígenas (UNI), à qual emprestou a sua digital. Seu trabalho, como educador, ambientalista, escritor e jornalista, seja por sua presença ou por meios midiáticos, tem sido incansável em prol da melhoria de sua gente e das garantias de seus direitos.

Quando da elaboração da Constituição Federal que foi promulgada em cinco de outubro de 1988, Krenak, conseguiu junto à Constituinte, um feito inédito, uma conquista: a inclusão do “Capítulo dos índios”. É coautor da proposta da UNESCO que criou a Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço em 2005. É coordenador da Ordem do Mérito Cultural da Presidência da República e, em 2016, foi-lhe atribuído o título de doutor honoris causa pela UF de Juiz de Fora (MG). Também é autor de A vida não é útil (2020)” (3).
Portanto, “Krenak se destaca como um dos mais importantes pensadores brasileiros. Ouvi-lo é mais urgente do que nunca. Ideias para adiar o fim do mundo é a adaptação de duas palestras e uma entrevista realizadas em Portugal, entre 2017 e 2019″. Aliás, no livro, ele conta como surgiu esse título inusitado, como uma reflexão para a humanidade. “Nosso tempo é especialista em criar ausências: do sentido de viver em sociedade, do próprio sentido da experiência da vida. Isso gera uma intolerância muito grande com relação a quem ainda é capaz de experimentar o prazer de estar vivo, de dançar, de cantar. (…) minha provocação sobre adiar o fim do mundo é exatamente sempre poder contar mais uma história”(3), garante.
Aos nosso seguidores, recomendamos a leituras desses três trabalhos literários . são excelentes!
Por Angeline e Francisco Gomes e Winnie Barros.
Fontes: 1. Lobão: 60 anos a mil. – SP: LeYa, 2020; 2. Eyler, Flávia Maria Schlee. História Antiga: Grécia e Roma: A formação do Ocidente. 3. ed. – RJ: Vozes, PUC-Rio, 2014. e 3. Krenak, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. -2 ed. SP: Companhia das Letras, 2020.