Psicanálise do acolhimento

Mais uma obra para o acervo cultural do facetas. Estamos falando do livro “Psicanálise do Acolhimento”(sobre a aplicabilidade na prática clínica), volume 3. Pense num excelente trabalho. Aliás, toda publicação, seja de Direito, Psicologia, Sociologia, Pedagogia, seja de outra abordagem qualquer, que reúna mais de um ponto de vista, mais de um autor, é interessante.

Assim, o é “Psicanálise do Acolhimento”. Organizado por Renato Dias Martino, e introdução do mesmo e, prefácio de Amanda Carvalho Souza, traz ainda 35 artigos de especialistas da área, professores, colaboradores, ou estudiosos de ciências afins. Tem mais: embora a editora não tenha especificado o domínio profissional de cada um participante – acredita-se por economicidade de custos gráficos -, por um lado. Por outro, teve o cuidado em listar o contato de todos (por celular ou por e-mail).

Em notas, a Editora Vitrine Literária diz: “esta obra é uma compilação de alguns textos de autores de todo o Brasil e também do exterior, que comunga das ideias elaboradas no âmbito dessa forma acolhedora de praticar a Psicanálise”. Ou seja, o conjunto desse trabalho “se diferencia tanto nas articulações teóricas, na utilização de métodos ou articulação de conceitos, quanto na aplicabilidade, na forma de receber e devolver o material trazido pelo paciente” (1).

Então, para a realização de um trabalho dessa envergadura, exige-se muito, de muitos abnegados profissionais. Por exemplo, “o Grupo de Estudo Psicanálise do Acolhimento (GEPA) é mais que um determinado número de pessoas. Trata-se de uma rede de vínculos saudáveis, formada por incansáveis pensadores que buscam expandir a Psicanálise, na teoria e na prática, para além do pré-estabelecido. Fundamenta-se na ideia de que o acolhimento é a base para que a transformação seja possível” (1).

No prefácio, assinado por Amanda Carvalho Souza (amandacs.psicoterapeuta@gmail.com), ela assegura ser o GEPA mais que um grupo formado por incansáveis pensadores que almejam que a transformação seja possível ao paciente. “Nesta procura, um ambiente livre de julgamentos e nutrido pelo respeito, concórdia, amor, tolerância e dedicação é fundamental (…), para a expansão do pensamento”(1).

Ainda, segundo ela, concordar não quer dizer aceitar absolutamente a ideia de outras pessoas, outros profissionais, “mas sim que seja possível exercer o real significado da palavra: estar junto de coração”. Essa é a proposta da obra em análise, onde cada um possa colher a verdade no tempo certo e como aliada na prática, e não apenas num “simples conjunto de teorias, tampouco de algo que se aplica apenas à prática clínica” (1).

Na introdução, de autoria de Renato Dias Martino, conta: “a carência de vínculos afetivos saudáveis é um mal que assola a humanidade. Mal esse que é gerador de inúmeras outras moléstias, que vão desde a desorganização mental, até configurações desastrosas como crimes e atentado contra a própria vida. A Psicanálise se presta a proporcionar um instrumento por excelência na tentativa de reparação dos danos causados pela ausência ou pela insuficiência dos vínculos afetivos saudáveis”. (1)

Todos os textos são excelentes. É difícil escolher o primeiro a ser lido. Destacamos alguns: Considerações sobre o desejo e a vontade, de Rubens Cecílio Murad Birolli (rmbirolli@gmail.com); A dor do luto e seu acompanhamento psicanalítico, de Liliana de Jesus Puche (lilisouza.2314@gmail.com); O amor como capacidade aprendida e as consequências de um lar violento, de Laís Locatelli (laislocatelli@gmail.com); A importância do acolher na adolescência, de Daniela Lovatel (daniela.lovatel@gmail.com); Renascer em vida, de Juliana Lorente Dionízio (psi.julorente@gmail.com), entre outros (segue imagens do sumário).

A fundadora deste blog (há quase 8 anos), Doutora Winnie Gomes da Silva Barros, também faz parte dessa compilação com o texto A Psicanálise do Acolhimento no Ensino Superior. A autora aborda o cenário de 2020 afetado pela pandemia do covid-19, quando era professora do curso de Psicologia de uma instituição privada na grande Recife (PE). Quando as aulas eram ministradas no formato remoto. “Essa nova realidade de ensino e aprendizagem foi um desafio para professores e alunos”, conclui.

“Os alunos expressavam nas aulas os seus desconfortos com o novo modelo de ensino, suas angústias sobre a pandemia, dificuldades para estudar, dificuldades de acesso às plataformas das aulas, preocupação com a formação, dentre outros. Ao longo do curso percebi que as aulas se tornaram encontro para os alunos compartilharem as suas angústias. Percebi a importância de promover um ambiente seguro e acolhedor para eles, afinal a função da educação não se reduz apenas ao cumprimento do cronograma de conteúdo, é preciso exercer uma escuta acolhedora para promover um ambiente saudável”(1).

Com a doença grassando assustadoramente, famílias enlutadas, medidas restritivas propaladas, cura em massa indefinida, etc, entra como mediador, mais uma vez, o educador. Nesse contexto, ensina a Doutora Winnie: “o vínculo professor e aluno busca humanizar o processo de ensino e aprendizagem, ou seja, desenvolver um ambiente de acolhimento e diálogo com alunos, a fim de dar voz para suas singularidades (DUPAS, 2008). Isso significa que se faz necessária a importância de criar um ambiente seguro e acolhedor para os alunos, isto é, escutá-los, estabelecer diálogos de apoio, sem julgamento, sem qualquer condenação. Só assim será possível eles expandirem suas experiências educacionais” (1).

Recomendamos a leitura desta importância obra, independente da área de atuação de cada leitor.

“Mesmo sendo esse livro realizado por meio de palavras, o acolhimento se dá para além delas. Requer ao analista acolhedor a capacidade de se articular no nível emocional, onde o verbo não existe”(1).

Por Gomes e Angeline

Fonte

1. A Psicanálise do Acolhimento: vol. 3/Organizador Renato Dias Martino. 1a ed. São José do Rio Preto: Vitrine Literária Editora, 2022. contato@vitrineliteraria.com.br/www.vitrineliteraria.com.br

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