Olá, leitores! Na semana passada o Facetas fez mais um tour nas livrarias de Manaus, procurando livros com abordagem de temas locais, ou melhor, assuntos voltados para a Amazônia. Adquirimos, portanto, três trabalhos superinteressantes, cujas sínteses é a seguinte:
1 – POR DENTRO DAS AMAZÔNIAS. Além das 100 fotografias que fazem brilhar os olhos do leitor e, que ilustram perfis da Natureza (com N maiúsculo) e do homem, a abordagem textual do autor e a apresentação de Candu Marques e Lu Mendes, deixam a obra perfeita. Não importa se o conteúdo é didático. O mais importante é utilizar os recursos naturais de forma racional para garantir saudáveis todas as formas de vida por aqui existentes.

Como assegura a editora, nesta nota: “Aqui (na região) se trata do mundo das águas e das redes. Redes de pescar e dormir; e, igualmente, redes de comunicação. Mundo de rios e afluentes incontáveis. Nas Amazônias, bacia hidrográficas é mais do que conceito: é uma realidade única. E bacias fluviais se somam e se multiplicam banhando territórios imensos (e habitados), tão bonitos e grandiosos que fábula se fazem. Mas o melhor mesmo são as pessoas que vivem por aqui. Acolhedoras que só elas: Amazônidas! Já verificou isto?” (1).
Diz o autor: “Nas terras das Amazônias, tudo é muito, tudo é superlativo: riquezas e mistérios, problemas e também caminhos de mudanças. Peço licença aos descendentes dos que sobreviveram aos massacres e às migrações forçadas para falar de seres e de lugares fantasticamente reais. Peço autorização por atrever-me a cantar gentes e terras realmente extraordinárias” (1).
2 – A PAIXÃO DE AJURICABA. Trata-se da destacada peça de teatro de Márcio Souza, cuja estreia se deu no palco do Teatro Experimental do SESC (Tesc) de Manaus, em maio de 1974. Refere-se ao chefe dos índios Manau (sem o “s”), Ajuricaua (ou Ajuricaba), “o qual liderou as tribos do rio Negro na guerra contra os colonialistas portugueses na terceira década do século XVIII” (2).

Segundo o professor e escritor Frederico Krüger : “Ao lermos A paixão de Ajuricaba, ocorre-nos à lembrança o texto de Medéia, de Eurípides, menos pela ação e mais pelo acontecimento inicial que redundou, no caso grego, na tensão fundamental do texto” (2).
O também dramaturgo amazonense Aldisio Filgueiras, poeta e jornalista relata a estreia da peças nos idos dos anos 70: “Em 1974, surge o primeiro grande sucesso de público. A paixão de Ajuricaba, desde aí, o Tesc assume-se como proposta de investigação da realidade amazônica e brasileira e a renovação da linguagem. Desde o Clube da Madrugada (1954) não se ousava tanto. Mas agora, não se tratava de uma obstinada boemia juvenil que terminaria na simples e comprometida ocupação de cargos públicos e na mudança de algumas vírgulas referenciais de um discurso que, enfim, permaneceria o mesmo” (2).
3 – AMAZONAS 10 ANOS DE ADS (2003-2013). Dez anos de política pública em desenvolvimento sustentável, uma trajetória de conquistas e desafios, diz o projeto, quando do governo de Omar Aziz. Trata-se de ação governamental que requer a atenção do leitor, essa interessante brochura. Por quê? Porque, passada uma década, o estudo já previa melhoria – em todos os aspectos – dos 62 Municípios do Estado do Amazonas, independente de política partidária.

Segundo Nádia Cristina d’Avila Ferreira, à época, Secretária de Meio Ambiente sobre os 10 anos daquela SDS, hoje ADS (Agência de Desenvolvimento Sustentável), “o grande desafio é continuar avançando, mantendo a política ambiental do Amazonas na vanguarda nacional e internacional, e ampliar cada vez mais as oportunidades de trabalho para as populações locais – em todo o Estado -, em bases sustentáveis” (3).
Após observar algumas das dezenas de fotos contidas na obra em análise, a gente constata que o homem do interior é um eterno abandonado, ou quase, por uma série de fatores, sejam humanos ou naturais. De 2013 para cá muita coisa ambiental castigou o Estado: cheias, secas, queimadas, etc. Por exemplo, às páginas 110/111 de Amazonas 10 anos, o Município de Boca do Acre padecia em chamas pelas queimadas. Hoje não é diferente, em outros locais da capital e de outras localidades, o Amazonas queima. Morrendo aos poucos juntamente com a Amazônia.
Sem entrar na questão da estiagem de 2023 que transformou muitos rios, lagos e igarapés em torrões como só vistos em décadas passadas no Nordeste, cabem bem estes verso, cantados pelo poeta, há mais de 40 anos: “Quem briga com a natureza/Envenena a própria mesa/Contra a força de Deus não existe defesa”. Esperamos, aqui, sobre as três obras estudadas, é que “Homem e Natureza, possam contar um para o outro, os seus segredos”, como bem observaram, anos passados, os editores da SBPC. Portanto, contamos, como sempre, com a aprovação dos nosso pacientes e divulgadores leitores deste blog.
Notinha útil – O Heitor poderá chegar a qualquer mormente. Ele será muito bem recebido por todos os seus familiares. Seja bem-vindo!
Por Angeline e Francisco Gomes e Winnie Barros.
Fontes: 1. Moulin, Nilson. Por dentro das Amazônias. – SP: Studio Nobel, 2008; 2. Souza, Márcio. A paixão de Ajuricaba, 2ª ed. – Manaus: Editora Valer, 2005; e 3. Amazonas 10 anos da SDS (2003-1013). – Manaus: Edições Reggo, 2013.