É interessante a coleção de livros “Os mais famosos discos nacionais”, ou seja, “capas que mudaram a história da música”. Pelo menos, cinco edições já foram publicadas especificamente sobre o Brasil: rock, samba e pagode, sertanejo e forró, pop, e MPB e bossa nova. São 45 capas e sobre cada disco, a editora tem uma explicação. Assim, como o porquê da seleção.

“Os discos que ilustram esta coleção foram selecionados a partir de critérios como aclamação crítica e popular, número de vendas, relevância histórica, qualidade mínima de capas para impressão e prêmios certificados pela Pro-Música Brasil (antiga ABPD). Muitos outros álbuns são dignos de registro, mas infelizmente não havia espaço para todos. Alguns discos desta coleção não apresentam todos os dados relacionados à produção, apesar das pesquisas realizadas. Caso (o leitor) tenha alguma informação histórica comprovada, entre em contato para que as impressões sejam atualizadas” (1).
O editor da obra ora em questão, Paulo Basso Jr., sob o título: “Chega de Saudade”, faz a seguinte apresentação: “A década de 1950 se aproximava do fim quando, na Zona Sul do Rio de Janeiro, surgiu aquele que seria o movimento musical brasileiro mais respeitado no mundo: a bossa nova. Influenciados pelo samba e pelo jazz americano, jovens estudantes deram a vida ao estilo que se consagrou a partir de Chega de Saudade, álbum gravado em 1959 pelo baiano João Gilberto – à época, já radicado na capital fluminense.
Refinada por essência, a bossa nova conviveu com críticas e elogios. Músicas como Desafinado, de João Gilberto, e Samba de Uma Nota Só, de Tom Jobim (com letra de Newton Mendonça), são respostas de fino trato a quem dizia que as harmonias do gênero não respeitavam as regras da canção ortodoxa. Por outro lado, a técnica sofisticada conquistou nomes como Charles Byrd, Stan Getz e Frank Sinatra, que ajudaram a expandir sua popularidade para além do Brasil. Até hoje, canções como Garota de Ipanema e Eu Sei Que Vou Te Amar, ambas de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, estão entre as músicas mais reproduzidas no planeta.
Eis que os anos passaram e, com a implantação do regime militar no Brasil, em 1964, o engajamento folclórico dos Centros Populares da Cultura da União Nacional dos Estudantes passou a incentivar a produção de músicas menos rebeldes e mais fiéis às raízes do país. O movimento que se iniciou contrário à bossa nova, no entanto, logo fundiu-se com alguns de seus elementos para gerar o que passou a ser chamado de Música Popular Brasileira, ou simplesmente MPB.
A música Arrastão, de 1965, sintetiza a transição entre os gêneros. Composta por Vinícius de Moraes, justamente um dos grandes nomes da bossa nova, e Edu Lobo, que buscava a aproximação com os ritmos tupiniquins, a canção foi interpretada por Elis Regina no 1º Festival de Música Popular Brasileira, organizado pela extinta TV Excelsior, e se tornou um grande sucesso. Nos anos seguintes, outros festivais ajudaram a popularizar artistas como Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil.
O tempo passou e a MPB também evoluiu, ganhando influências de ritmos latinos e até do reggae. Hoje, muitos são os nomes vencedores do gênero, a exemplo de Gal Costa, Jorge Benjor e Maria Bethânia. Todos eles têm muitas histórias boas a serem contadas, mas chega de saudade. É hora de conferir 45 discos de bossa nova e MPB que mudaram a história da música brasileira” (1).
Por questão de espaço, das 45 capas – e todos representam bem o seu tempo (a partir dos anos 50). Inclusive a síntese histórica e editorial de cada disco -, escolhemos para citá-las apenas três.

1. “Canção do Amor Demais” (1958) “foi lançado por uma pequenina gravadora e sem qualquer pretensão de fazer sucesso, tendo míseras 2 mil cópias prensadas. Apesar de a pouca divulgação ter minado qualquer chance de sucesso, o álbum tornou-se, mais tarde, um clássico que juntou quatro grandes nomes da música brasileira. Aqui, Tom Jobim e Vinícius de Moraes convidaram Elizete Cardoso (que mais tarde passaria a assinar Elizeth Cardoso) para gravar canções da dupla. Já João Gilberto foi chamado para tocar violão em duas faixas. Toda essa mistura acabou resultado no que é considerado o 1º registro da bossa nova” (1).

2. “O 2º álbum de Belchior, chamado Alucinação (1976), foi o grande responsável por dar fama ao cantor cearense. O trabalho conta com músicas em estilo narrativo. Como Nossos Pais, por exemplo, estourou logo de cara – e ganhou ainda mais popularidade após ser regravada pela cantora Elis Regina. Embalado também por hits como Apenas Um Rapaz Latino-Americano, Sujeito de Sorte, Velha Roupa Colorida e À Palo Seco, o disco vendeu 30 mil cópias em apenas um mês e, aproximadamente, 500 mil no total”.

3. “Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown e Marisa Monte se uniram para dar vida ao grupo Tribalistas, projeto paralelo na carreira dos artistas e cujo álbum de estreia foi lançado em 2002. O trio é responsável por um dos principais trabalhos da música brasileira naquela década, uma vez que surgiram grandes hits no tracklist, como Velha Infância e Já Sei Namorar. Além de fazer sucesso entre os críticos, que consagram a obra como o Melhor Álbum Pop Contemporâneo Brasileiro no Grammy Latino 2003, o trabalho tornou-se o 5º disco mais vendido de 2002, o que rendeu aos músicos o certificado de platina triplo” (1).
“O tempo passou e a MPB também”, como escreveu Basso Jr., mas a história desses (e outros) discos ficou. Nós, os ouvintes, estamos aqui. Cada um com a sua formação cultural musical. Para o nosso leitor interessado em mais informação, a obra em questão está disponível na Amazon. com. br.
Por Angeline e Francisco Gomes e Winnie Barros.
Fonte consultada: 1. Os famosos discos nacionais: MPB e Bossa Nova/ coordenador editorial Paulo Basso Jr. – SP: Editora Europa, 2020.