Olá, leitores! Na semana passada e início desta, o Facetas fez um tour no Estado de Rondônia. Indo parar em Vilhena, fronteira com o Estado do Mato Grosso. Entre os nossos afazeres, um, foi conhecer a bem organizada biblioteca particular do senhor Zeca Gomes – como é mais conhecido -, um intelectual e aposentado do Banco do Brasil, o qual conhece bem literatura como poucos. No seu acervo, encontramos, por exemplo, “Eu” de Augusto dos Anjos, de 1971; “Robinson Crusoé” de Daniel Defoe, de 1972, entre tantos outros, como os três que a seguir citados.
1 – SENHORA EINSTAIN: A história de amor por trás da Teoria da Relatividade. Trata-se de um livro apaixonante da escritora norte-americana Marie Benedict. Ele sempre “sonhava com um trabalho fantástico no qual poderia revelar a vida e os feitos ocultos de grandes mulheres da História”. Finalmente encontrou essa grandeza em Mileva Maric (1885-1948).

Marie “nos revela uma mulher fascinante e extraordinária cuja luz se perdeu na enorme sombra de Albert Einstein (1879-1955)”. Físico brilhante que ainda nos dias atuais é citado pela Teoria da Relatividade. O relacionamento entre ele e a sua colega foi marcado tanto pelas suas mentes como pelos seus corações. “Mileva era a única mulher a estudar Física numa renomada universidade de Zurique (Suíça) e se destacava pela grande habilidade matemática. Ele, um jovem promissor, inquieto e um tanto rebelde, seria o responsável pelas escolhas mais difíceis da vida dela” (1).
O amor foi mais forte. A moça, no entanto, “recuou de seu papel no mundo da ciência e o que era para ser um romance transgressor e excitante irrompeu em questões tão determinantes quanto a própria relatividade. Eis, então, os questionamentos: ela será capaz de enxergar o tamanho do sacrifício que fez em nome sesse amor? Ela encontrará forças para recuperar o espaço que lhe pertencia?” Mitza – como gostava de ser chamada -, era inteligente o suficiente para saber que, para si, “a Matemática é um universo muito mais fácil de se navegar do que o casamento” (1), principalmente na flor da juventude.
Porém, o nosso mundo sentimental, tem os seus próprios caprichos. Os mesmos impostos a Mileva e Albert. Assim, “tudo corria como planejado até que um de seus colegas, Einstein, passa a se interessar por ela muito além das dicas em cálculos. Ele via em Mitza uma capacidade intelectual superior até à dele e a força contrária perfeita para equilibrar a montanha-russa emocional que ele era” (1).
Mas, “como no governo do amor quem manda é o coração” e não o fogo fogo da paixão. Aliás, “são demais os perigos desta vida para quem tem peixão!” E, apesar de todos os sonhos e planos que os dois “cientistas” traçaram juntos, não houve espaço para mais um gênio no casamento que se pretendia. Seguindo, portanto, cada um, o seu próprio destino. Leia essa interessante obra.
2 – A DITADURA ENVERGONHADA. De Elio Gaspari (80 anos). Brilhante jornalista ítalo-brasileiro. Ainda era criança quando veio par o Brasil com a mãe Anna Giacchetti. Cedo começou escrever para jornais e revistas. Ofício que pratica até hoje como colonista da Folha de SP, do Diário de SP e outros veículos de comunicação.
Segundo sua editora, em 1984 ele ganhou uma bolsa de três meses do W. Center for I. Scholars, cujo intuito era escrever um ensaio de apenas 100 páginas sobre Geisel e Golbery, para explicar “por que entre 74 e 79 o ex-presidente e o chefe de seu gabinete civil desmontaram a ditadura militar, quando na década anterior, entre 64 e 67, haviam ajudado a construí-la” (2).

O trabalho inicial de 100 páginas, foi ampliado. “Dezoito anos depois, o que era apenas um ensaio se transformou em cinco livros”. o 1º deles, A ditadura envergonhada, apresenta “um minucioso relato do golpe de 64, com seus lances de acasos e improvisos, a luta pelo poder nos primeiros anos de governo militar, a criação do SNI e os bastidores da elaboração dos primeiros atos institucionais, até a edição do AI-5, em dezembro de 68, e a famosa aula de tortura de outubro de 69, dada por um tenente no quartel da Vila Militar no Rio de Janeiro, quando a ditadura deixa de se envergonhar de si própria” (2).
Sobre esse livro, o escritor Zuenir Ventura, diz: “Encontram-se aí alguns dos momentos de excelência estética. O texto é a prova de que numa narrativa se pode usar leveza e graça sem perda de densidade; que é possível oferecer prazer de leitura sem sacrifício de substância, que um admirável equilíbrio permite a coexistência de fatos e interpretação, relato e opinião, análise e síntese” (2).
3 – O XANGÔ DE BAKER STREET. Em seu primeiro romance, o escritor carioca Jô Soares (1938-2022), foi muito bem avaliado por leitores e pela crítica especializada. Trabalho surpreendente.

Da obra consta “uma rigorosa pesquisa histórica sobre a vida do Rio de Janeiro do 2º Reinado à sua inventividade sem fronteiras”, ou seja, um romance cômico policial, que “constitui uma engraçada mistura de cenário muito preciso do passado – a capital do país por ocasião da primeira visita da legendária atriz francesa Sarah Bernhardt -, figuras conhecidas da história da política e cultural do país, como Olavo Bilac, Chiquinha Gonzaga, Paula Nei, d. Pedro II, e personagens da ficção – Sherlock Holmes e o indefectível dr. Watson” (3).
O enredo se inicia com “um violino Stradivarius desaparecido, algumas orelhas cortadas e seus respectivos cadáveres trazem o famoso Sherlock Holmes ao Brasil, por recomendação de sua não menos famosa amiga Sarah Bernhardt. Porém, aquilo que parecia um pequeno e discreto caso imperial transforma-se numa saga cheia de perigos, tais como feijoadas, vatapás, mulatas, intelectuais de botequim, pais-de santo e canabis sativa...”
O britânico e intrépido detetive e seu fiel e desconfiadíssimo esculápio vivem então no Rio de Janeiro a aventura de Sherlock que Conan Doyle se excursou de contar – por motivos que ficarão bastante óbvios – mas que para felicidade do leitor brasileiro Jô resgata em seu romance.
São três obras de leituras fascinantes – cada uma no seu estilo, é claro. Esperamos, portanto, que os nossos leitores aprovem mais este artigo do nosso blog.
Notinha útil 1 – Teve início ontem o 57º Festival Folclórico de Parintins (AM)/2024s, com os Bois Garantido e Caprichoso. o 1º com o tema: “Segredos do Coração”; e o 2º com “Cultura: o Triunfo do Povo”. Espera-se na Ilha, 120 mil visitantes. A todos ótima festividades.
Notinha útil 2 – No próximo dia 1º de julho/2024, o primogênito do casal Winnie e David, estará completando 8 meses de idade. Na capital pernambucana haverá uma organizada festinha. Ao Heitor, os parabéns do Facetas.
Por Angeline e Francisco Gomes e Winnie Barros.
Fontes consultadas: 1. Benedict, Marie. Senhora Einstein. Tradução de Amanda Moura. – SP: editora gente, 3ª tiragem, 2017; 2. Gaspari, Elio. A ditadura Envergonhada. – SP: Companhia das Letras, 2002; e 3. Soares, Jô. O xangô de Baker Street. – SP: Companhia das letras, 1995.