Como prometido, na semana passada quando publicamos “Michelangelo: o mestre da Capela Sistina”, hoje, apresentaremos algumas fotos extraídas da Exposição homônima exibida na cidade de Recife, no final de julho deste ano.

“Uma das figuras-síntese do Renascimento, cuja estética, aliás, chegou a transcender, Michelangelo ainda nos dias atuais causa espanto (no bom sentido) como artista e pessoa humana”. Muitas de suas criações que herdamos – seja na pintura, arquitetura, escultura ou literatura – , são tão admiradas no mundo todo. A seguir, algumas fotos por nós selecionadas e um pequeno resumo para cada uma:

1 – PIETÀ. Trata-se da primeira e mais famosa das três notáveis estátuas (Pietà) desse escultor, iniciada em 1498, quando seu criador tinha apenas 23 anos de idade. Representa Jesus morto deitado transversalmente no colo de sua mãe. A fita que atravessa o peito de Maria traz a assinatura do autor, única em toda a sua produção artística: Michel Angelus. Bonarotus. Florent. Facieba(t), que significa: Michelangelo Buonarroti de Florença fez. A peça em mármore branco de carrara mede 174 x 195 centímetros, está localizada na Basílica de São Pedro, no Vaticano. Curiosamente a cena trágica do rosto do Filho, contrasta com as feições serenas do juveníssimo rosto da Santa Virgem.

2 – O TÚMULO DE JÚLIO II. O projeto da tumba do papa foi tão modificado, que do salão previsto para conter 40 grandes esculturas restou, no entanto, apenas o túmulo na parede da Igreja de San Pietro in Vinçoli. A obra foi terminada com o auxílio de outro escultor, Jácomo della Quercia. Apenas três estátuas inferiores, incluindo a figura central do notável Moisés.

3 – A CAPELA SISTINA. Na parede do altar está o Juízo Final (1536-1541), terminado 29 anos após o teto. Por sinal, esse monumento quase foi destruído, sendo salvo pelo também pintor Daniel de Volterra, que cobriu a maior parte dos seus nus (da obra).

4 – DAVI. Em sua estada juvenil em Roma (1496-1501), Michelangelo produzira três esculturas (o Baco, o Cupido Galli e a Pietà) da Basílica de São Pedro, dando ao autor renome inigualável em toda Itália, a princípio. O “Davi” foi erguido na Piazza della Signoria, em 1504, ano em que a figura recebeu uma coroa de guirlandas douradas no tronco de sustentação e na cinta da funda, além de 28 folhas de cobre, soldadas em prata a um fio metálico, de modo a lhe ocultar o sexo. Porém, esse material fora retirado – não se sabe a data. Presume-se que tenha sido entre 1555 e 1562. O “Davi” de mármore branco encontra-se atualmente exposto na Academia de Belas-Artes de Florença, onde é converto como símbolo da cidade.

5 – O PROFETA JOEL. Um dos mais antigos da História, segundo o Velho Testamento. Nesse trabalho Michelangelo o mostra em uma pose totalmente concentrada, com a atenção voltada para a escrita no pergaminho em suas mãos. Joel anunciou um castigo divino que seria infligido aos israelitas pecadores na forma de um exército.

6 – O PRIMEIRO HOMEM. Detalhe dos afrescos de Michelangelo dos existentes na Capela Sistina, o qual representa o instante em que Adão, ou seja, o primeiro homem, é criado por Deus. Trata-se, portanto, ds uma das pinturas mais vistas e comentadas do gênio italiano.

7 – VITTORIA COLONNA. Em 1536, ocorreu o 1º encontro do artista com Colonna. O que determinou o início de um relacionamento ímpar. Mulher devota e poetisa, retirou-se da vida social depois da morte do marido, para “servir a Deus com mais tranquilidade”. Isso inspirou profunda admiração nele. Vittoria foi uma das mulheres mais expressivas do Renascimento. Ligou-se aos filósofos e poetas de sua época. Dividia o seu tempo entre o convento em Vertebo, onde se dedicava à poesia e a Reforma da Igreja, e Roma, onde conheceu Michelangelo. Para ela, “o divino” criou diversos poemas e desenhos para oferecê-los a sua amiga, com quem trocou inúmeras cartas. No seu famoso madrigal – aqui reproduzido na íntegra -, descreve-a como homem ou deus falando de dentro de uma mulher. Esse amor platônico entre os dois, perdurou até 1547, ano da morte da amada. A foto acima é de uma pintura de Sebastiano del Piombo.

“POEMA PARA UMA POETISA“: “Um homem, ou uma mulher,/Um Deus ou uma mulher,/Por sua boca saem suas palavras,/Que me fizeram muito bem./Jamais serei o mesmo após ouvi-la./Desde que ela roubou-me/De mim, tenho certeza,/Faço pena a mim mesmo./Seus lindos traços induzem/Mais que o falso desejo./Então vejo a morte em qualquer outra beleza./Vós que trazeis as almas, Oh senhora,/Pelas águas e pelo fogo para a felicidade,/Fazei com que eu jamais volte para mim”.

8 – A SAGRADA FAMÍLIA. Essa imagem (foto ao lado) mostra o traço masculino e escultural contido na pintura de Michelangelo. A forma circular era muito popular em Florença para descrições da Madona com a criança. Até hoje, uma obra muitíssima admirada por todos os visitantes.

Senhores leitores, sabemos ser pequeno o número de imagens aqui reproduzidas, das 132 que obtivemos na Exposição. Pois tudo é deveras magnífico! É como disse outro pintor italiano, Giorgio Vasari: “Cada detalhe reflete a genialidade de Michelangelo; e cada feição é profundamente inspirada e está além de qualquer elogio”. É isso que apresentamos aqui, arte impecável. Esperamos que gostem de mais essa iniciativa do nosso blog.

Por Angeline e Francisco Gomes e Winnie Barros.

Fontes consultadas: 1. Folder da Exposição em Recife: “Michelangelo: o Mestre da Capela Sistina”; 2. Os Grandes Artistas: Gótico e Renascimento, SP: Nova Cultural, 2. ed., 1991.