A famosa frase do poeta Edgar Allan Poe, “os olhos são as janelas para alma”, diz muito sobre nos expressarmos pelo olhar. Eu sou do grupo de pessoas que às vezes não fala nada, mas o olhar diz tudo, seja desaprovação, impaciência ou um abraço no olhar. Sim, um abraço. Bem, irei contar como descobri essa nova expressão.

Quando Heitor, meu filho, tinha uns 5 meses, eu e meu esposo o levamos para passear na praça a pé. Saímos de casa e fomos observando, e apresentando para Heitor, as àrvores pelo meio do caminho. Então chegamos ao cruzamento da avenida. Naquele momento o sinal abriu e ficamos aguardando na esquina. Do outro lado do cruzamento vinha em nossa direção um casal com um carrinho de bebê. Na hora pensei: “eita, outro bebezinho passeando”. Eles estavam voltando da praça. Chegaram na esquina e aguardaram o sinal fechar. Vi que era um bebezinho menor que Heitor, deveria ter uns 2, 3 meses. Então o sinal abriu e aconteceu o encontro de dois pais, atravessando o cruzamento. Eu olhei para a mãe, ela olhou para mim. Trocamos olhares por 1, 2 segundos, e senti o seu olhar. Acredito que ela sentiu o mesmo. Um abraço.

Senti um abraço no olhar dela, como se ela falasse: “estamos fazendo um excelente trabalho, hein?”. Mas, ao mesmo percebi as olheiras e o seu cansaço que luta em prol do amor. Eu também estava assim, com olheiras e cansada pela privação do sono. Mas, ali entendi que a troca de olhares entre as mães é diferente.

Toda a minha admiração às mães e mulheres. Depois que me tornei mãe entendi muito mais o que é ser mulher: suas dificuldades no mercado de trabalho, a relação consigo mesmo, a relação com outras mães. Quando estou na rua e vejo outro mãe, olho e sorrio, e recebo mesmo. Não nos conhecemos. Mas naquela troca de olhares nos entendemos e nos conhecemos tanto. É a troca de olhar de admiração e acolhimento. É o abraço no olhar.

Com afeto, Winnie