Apesar de ter ocupado a maior parte do seu tempo profissional como desenhista, humorista, dramaturgo, escritor, tradutor, jornalista, etc, o genial carioca Millôr Fernandes (1923-2012), ganhou notoriedade nacional foi com os gêneros literários do humor gráfico e a sátira, principalmente, quando passou a publicar os seus textos e desenhos na Veja, no Pasquim e no Jornal do Brasil. Nada lhe passava despercebido, fosse na política, na economia, ou na cultura propriamente dita. Era um multiartista. Muito talentoso e faro artístico aguçado.
A seguir, a sua pequena biografia ironicamente troncada, descrita por ele mesmo: “Millôr Fernandes nasceu. Aos 13 anos de idade, já estava. O que não invalida. No entanto, sua atuação teatral, até onde se sabe. Dos livros publicados, foi constatado sem qualquer dúvida. Ao concluir seu mestrado, percebeu logo. Um dia, depois de um longo programa de televisão foi que. Amigos e pessoas vagamente interessadas, naturalmente. Onde e como, mas talvez, Millôr jamais, no caso. Ao ser agraciado disse, e não foi à toa. Entre os tradutores brasileiras. E tanto em 1960 quanto em 1970. Mas nem todo o mundo concorda. O resto, diz ele. Ou seja, hoje em dia, como ninguém ignora” (1).
Fosse como jornalista, ou desenhista, o humorista vivia intensamente o seu ofício nas redações dos perídios. Por exemplo, quando a geopolítica mundial entre os anos 40 e 80 ficou conhecido pela tal “Guerra Fria”, ou seja, o embate entre os EUA x URSS, líderes do capitalismo e do socialismo, respectivamente, lá estava Millôr escrevendo e desenhando sobre… Passados mais de 40 anos dessa “bipolaridade político-econômica planetária”, vive-se agora, a chamada “Guerra tarifária, liderada pelos Estados Unidos e recachada por demais estados, principalmente pela China.

Muito bem. Se vivo estivesse o versátil Millôr, aos 101 anos de idade, possivelmente republicaria esta atualíssima fábula fabulosa: “Mudanças imutáveis – à maneira dos… chineses”. NA TAL circunstância do mundo atual, sua mensagem está em voga. Vamos à leitura da mesma, na íntegra:
“Olin-Pin, abastado negociante de óleos e arroz, vivia num imponente palacete em Kin-Tipé. Sua posição social e sua mansão só não eram perfeitas porque, à direita e à esquerda da propriedade, havia dois ferreiros que ferravam ininterruptamente, tinindo e retinindo malhos, bigornas e ferraduras. Olin-Pin, muitas vezes sem dormir, dado o tim-pin-tin, pan-tan-pan a noite inteira, resolveu chamar os dois ferreiros e ofereceu a eles 1.000 ienes de compensação, para que ambos se mudassem com suas ferrarias. Os dois ferreiros acharam tentadora a proposta (um iene, na época, valia mil dólares) e prometeram pensar no assunto com todo empenho. E pensaram. E com tanto empenho que, apenas dois dias depois, prevenidamente acompanhados de advogado, compareceram juntos diante de OLin-Pin. E assinaram contrato, cada um promentendo se mudar para outro lugar dentro de 24 horas. Olin-Pin pagou imediatamente os 1.000 ienes prometidos a cada um e foi dormir feliz, envolvido em lenções de seda e adorável silêncio. Mas no dia seguinte acordou sobressaltado, os ouvidos estourando com o mesmo barulho de sempre. E quando ia reclamar imediatamente pela quebra de contrato, verificou que não tinha o que reclamar. Os dois ferreiros tinha cumprido fielmente o que haviam prometido. Ambos tinham se mudado. O ferreiro da direita tinha se mudado pra esquerda, e o da esquerda tinha se mudado pra direita.
MORAL DA HISTÓRIA – cuidado quando a esquerda e a direita estão de acordo” (1).
Nós, do Facetas, não temos nada a declarar. O texto acima per si, retrata bem as contendas mundiais suscitadas por seus “líderes”. Ficando, portanto, facultado a cada leitor(a) tirar as suas inteligentes conclusões.
Por Angeline e Francisco Gomes e Winnie Barros.
Fonte consultada: 1. “Cem fábulas fabulosas”, de Millôr Fernandes,. – 2ª ed. RJ: Record, 2003.