Após casar em Manaus, Sílvio da Conceição e Ana Maria de Oliveira, o casal foi morar em Nova Olinda (AM). Ele era funcionário da Petrobras. Isso em meados dos anos 1950. “Leitor compulsivo da mitologia greco-romana, Sílvio havia feito apenas duas exigências à esposa: queria que o nome de todos os filhos começasse com a letra “S” e que o primogênito se chamasse Sileno, em homenagem a um dos seguidores, professor e companheiro fiel do deus Dionísio” (1).”
“O nosso primeiro grande reggaeman nasceu no dia 12 de setembro de 1958, em Nova Olinda, tendo sido registrado como Cileno de Oliveira Conceição porque o tabelião do cartório não entendia nada de mitologia. O erro só foi descoberto em Manaus, seis anos depois, quando o moleque foi matriculado no Grupo Escolar Getúlio Vargas, na Cachoeirinha” (1). Aliás, “na capital amazonense, nasceram os demais irmãos de Cileno: Sílvia, Sueli, Silvana, Sônia e Sávio” (1).
Na capital, a família foi morar na rua Belo Horizonte, onde hoje está construído o hotel Leonardo Da Vinci. Depois se mudou para a rua Joaquim Tanajura, no São Francisco, onde Cileno residiu por 45 anos. Hoje o cantor mora no conjunto Hileia, Redenção.

Garante que teve uma infância feliz de estudo e brincadeiras. Na juventude ouvia “hits da Jovem Guarda, Tropicália, Novos Baianos, Luiz Melodia, Dominguinhos, Raul Seixas”, entre outros. Aos 14 anos ganhou um violão “da sua mãe e começou a dedilhar o instrumento“. Após concluir o ginasial na escola Márcio Nery, “foi fazer o curso técnico de estradas, na Escola Técnica Federal do Amazonas (hoje IFAM). Lá teve contato com a teoria musical pela primeira vez, ao ser admitido na banda marcial da escola e começar a aprender sax alto e flauta transversal” (1).
Orientado a se profissionalizar, fez os exames na Ordem dos Músicos e foi aprovado. “Em 1980, aos 21 anos, deixou o emprego de técnico da Semosb, na Prefeitura de Manaus, para se dedicar à carreira musical”. Ficou três anos como um dos vocalistas da banda Superson, a convite do guitarrista Adonay Pereira e da cantora Eliana Printes. Nesse período conheceu a música do jamaicano Bob Marley, por meio do LP “Kaya” e se identificou muito com o gênero reggae.
A partir de 83, começou a cantar as suas composições nos barzinhos de Manaus, até chegar aos festivais de músicas. Por exemplo, ficou em 1º lugar no Festival de Verão do Parque 10 Novembro conhecido conjunto residencial centro sul de Manaus) com “Feira Hippie”, “considerado o 1º reggae autoral produzido no Amazonas”. Sucesso até hoje. Diga-se de passagem, que “o movimento hippie foi um movimento de contracultura que surgiu” na Califórnia, nos EUA, nos anos 60.
Ainda em 83, “Cileno participou do concurso “A mais bela voz do Brasil”, promovido pelo SBT, de São Paulo, representando o Amazonas, e logo depois como componente da banda Transcendental, ele, Eliana Printes e Adonay Pereira apresentaram o musical “Barraca Popular”, no Teatro Amazonas” (1). Assim, consagrou sua carreira. “Feira Hippie” abriu-lhe as portas para o sucesso. Por sinal, incluída no álbum duplo “Nossa Música”, de diversos artistas locais, de 1986.
De Manaus, rumou em temporada de shows para Brasília, Salvador e João Pessoa. De volta, em maio de 87, organizou e cantou no “1º Tributo a Bob Marley”, com a participação de “pouco mais de 30 pessoas foram prestigiar o evento”. Passados quase 40 anos no mesmo “tributo…”, o mesmo cantor é assistido por cerca de 1.500 participantes. Isso prova ser dono de uma carreira bem construída.
Em 94, gravou seu 1º LP, “Reggai Por Nós”, com uma tiragem de mil discos, os quais foram vendidos durante os shows. Em 96, o 2º disco, “Sindicato do Reggae”. No ano seguinte, lançou o álbum o álbum “Eletroacústico”, com participação especial de David Assayag. Em 98, gravou o disco “Reggae do Skatista”, com destaque para as musicas Dia das Mães; Eu, Você e o Mar, etc.
Na era do CD, produziu vários lançamentos “Alelujah” (1999), “WWW.iloveyou” (2002), “Da Batida Primitiva à Pulsação Urbana” (2003), “Amores Urbanos (2004), “Minha História” (2005), “Nudez (2006) e “Dialética” (2007), o que fê-lo ser bastante requisitado para se apresentar tanto no interior do Amazonas, como nas cidades de Boa Vista (RR), Belém/Santarém (PA), Porto Velho (RO), Rio Branco (AC) e Goiânia (GO), entre outras localidades.
Em 2018, reúne várias canções em “Eterna Criança”. Em 2021, lançou as coletâneas – “Cileno 40 anos” e “Coletânea I”, com show no Teatro Amazonas; “Valores da Terra”, em 2022; “Nossa Música”, em 2023 e “Coletânea II”, em 2024. Com o fim comercial do disco, o caminho a seguir com a sua arte, passam a ser “os sites de streaming na web, as plataformas digitais. O mais impressionante é saber que todos os seus discos foram lançados de forma independente” (1). Segundo ele, tudo valeu muito a pena. E, orgulhosamente diz: “Sou um dos poucos artistas amazonenses que conseguem sobreviver exclusivamente de música” (1).
Aqui, portanto, senhores leitores, um sucinto resumo da carreira e da vida desse brilhante cantor e compositor, um dos “pioneiros do reggae caboclo”. O recém lançado livro (foto acima) do magistral poeta, jornalista e escritor Simão Pessoa é excelente. Além de Cileno, o autor narra a carreira de vários outros músicos ou não da Amazônia, com muita habilidade e conhecimento.
Notinha útil – Em algum lugar do Nordeste Brasileiro, o nosso príncipe Heitor está aniversariando hoje, para o contentamento de seus pais e demais familiares. Ao mesmo, o Facetas deseja muita saúde e vida longa. Ficamos sabendo que o seu dia foi muito movimentado, é óbvio. Parabéns! (www.facetasculturais.com.br).
Por Angeline e F. Gomes e Winnie Barros.
Fonte consultada: 1. Pessoa, Simão. Manaus-Babilônia e o Reggae da Periferia Zion. – Manaus-AM, ed. do autor, 2025.
parabéns aos Gomes pela excelente matéria
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