Olá, leitores! O nosso tour deste mês apresenta três lendas do imaginário amazônico, as quais encantaram (e ainda encantam) crianças, jovens e adultos. São elas: Lenda do Curupira, Lenda da Lua e Lenda do Guaraná. Vamos à síntese das mesmas.
Depois do sucesso na nossa página com a publicação de “Cobra Norato”, “Saci Pererê” e “Jurupari”, chegou a vez das três acima numa só apresentação, afinal, o Amazonas, como toda e qualquer região – dentro e fora do Brasil -, é notável seu lendário e curiosidades afins. “Além de possuir um folclore popular bem rico e enraizado, é cheio de costumes e tradições” (1).
O Estado do Amazonas mede 1,5 milhão de km2 e o ribeirinho, o caboclo ou o seringueiro, como geralmente são chamados os habitantes do interior, da zona rural, sabem tintim por tintim as estórias de contos e causos regionais; de mitos e lendas, narrados de geração a geração. Lembro-me muito bem do meu tio Carlos Santana, dizendo aos filhos e sobrinhos, algo mais ou menos assim: “Tenham cuidado com o Mapinguari, com o Boto e com a Cobra Grande. O primeiro causa medo a gente, o segundo encanta as nossas filhas, as moças e a terceira suga o homem num rebojo”. Era nesse meio que as crianças cresciam. “Construíam” famílias, viviam a vida da agricultura de subsistência e do extrativismo; remavam sobre rios, lagos e igarapés longos; andavam praias e veredas vastas, sem fim; e viam o verde das matas para todos os lados da floresta. Eram as plagas (assim mesmo “plagas”) amazônicas.
1. LENDA DO CURUPIRA. Guardião da floresta e dos animais. É um pequeno ser com traços de índio. Além dos seus cabelos de fogo tem os pés virados para trás. Ainda tem o dom de ficar invisível. Reza a lenda “que o Curupira é o protetor daqueles que sabem se relacionar (bem) com a natureza, utilizando-a apenas para sobrevivência” (1).

“O homem que derruba árvores para construir uma casa e seus utensílios, ou ainda para fazer o seu roçado e caçar apenas para alimentar-se, tem a proteção do Curupira. Mas aqueles que derrubam a mata sem necessidade, os que caçam de maneira indiscriminadas, têm no Curupira um terrível inimigo e acabam caindo em suas armadilhas” (1).
Curupira sabe se vingar: “transforma-se em um tipo de caça como a onça ou qualquer outro animal que atraia os caçadores para o meio (dentro) da floresta, fazendo-os perder a noção de seu rumo e ficarem dando voltas no mato, retornando sempre no mesmo lugar ou seja, completamente perdidos” (1).
“Outra forma de atingir os maus caçadores é fazer com que sua arma não funcione ou com que ela se torne incapaz de acertar qualquer tipo de alvo, principalmente a sua caça. Na realidade, a lenda do Curupira revela a relação dos índios brasileiros com a mata. Não é uma relação de exploração ou de uso indiscriminado, mas de respeito pela vida” (1).
2. LENDA DA LUA. Conta a sua origem, o seja, relata que Manduka namorava a irmã da Lua e todas as noites ia ficar com ela, mas sem mostrar “o seu rosto e nem falava, para não ser identificado. A irmã tentando descobrir quem ele era, passou uma tinta de jenipapo no rosto de Manduka, que apesar de lava-lo a marca não saiu. E, assim ela descobriu quem ele era, uma vez que o mesmo estava marcado. Ela ficou envergonhada, brava e chorou bastante”(1).

Por sua vez, ele também ficou envergonhado, pois todos ficaram sabendo de sua travessura. Foi quando então, Manduka subiu numa árvore rumo ao céu. E, de lá passou a contar seu feito “aos jurunas que ia voltar para a árvore e não desceria nunca mais. Levou consigo uma cotia para não se sentir muito só, e assim virou lua. É por isso que a lua tem manchas escuras, por causa do jenipapo que a irmã passou em Manduka. No meio da lua aparece uma cotia comendo coco. É a outra mancha vista daqui da Terra” (1).
3. LENDA DO GUARANÁ. “Um casal de índios da tribo Maués (O Município de Maués é o maior produtor de sementes de guaraná do Amazonas) vivia por muitos anos sem ter filhos e desejava muito ter pelo menos uma criança. Um dia, eles pediram a Tupã um filho para completar sua felicidade“. O desejo foi atendido e ao casal foi trazido “um lindo menino que cresceu bonito, generoso e bom” (1).

“No entanto, Jurupari, o deus da escuridão, sentia uma extrema inveja do menino e decidiu então ceifar aquela vida em flor”. Tudo ocorreu quando o jovem coletava frutos para seus pais, e sorrateiramente foi atacado por uma serpente venenosa que era a transformação do Jurupari.
“Nesse momento, trovões ecoaram na floresta e fortes relâmpagos caíram pela aldeia. A mãe entendeu que os trovões eram uma mensagem de Tupã, dizendo que ela deveria plantar os olhos da criança. Os índios obedeceram ao pedido daquela mãe e plantaram os olhos do menino. No lugar cresceu o guaraná., cujas sementes são negras rodeadas por uma película branca, muito semelhante ao olho humano” (01).
A todos que seguem o Facetas, desejamos uma ótima e prazerosa leitura, deste e dos demais artigos que temos publicados. Ótimo final de semana.
Notinha útil – No próximo dia 24, Manaus (AM), estará completando 353 anos. O Festival “Boi Manaus” – ontem, hoje e amanhã – está sendo a grande atração cultural comemorativa para todos, inclusive os turistas. Este é o lado bom da 2ª Metrópole da Amazônia; o lado negativo reflete os problemas urbanos que as cidades grandes enfrentam Brasil afora. Aqui, de forma mais acentuado. Quer saber um pouco mais? Então, leia o livro “Trastes e Contrastes”, do poeta amazonense Simão Pessoa.
Por Angeline, Francisco e Winnie.
Fonte: 1. AMAZONAS Educativo, 1ª ed. – Manaus; Formato 2 Editora, 2020.