“Jackson do Pandeiro, o Rei do Ritmo”

O nosso blog já vinha pesquisando sobre a careira desse artista, desde que, há alguns anos, adquirimos o CD com seus principais sucessos, “Raízes Nordestinas”, o qual contém 20 gravações originais, remasterizadas, é claro. Todas são dos anos 1950, o u melhor, de 54 a 58. Por exemplo, Cajueiro, Compadre João, Coco de Improviso, Boi Tungão, entre outras.

Agora sim. Juntamos o útil ao agradável. Adquirimos, recentemente “JACKSON DO PANDEIRO, o Rei do Ritmo”. Trata-se de uma Caixa com “15 álbuns em 9 CDs: 6 coletâneas duplas, 1 coletânea simples e 2 álbuns originais ” e mais 1 livreto de 20 paginas. Tudo muito bem produzido pela gravadora Universal. Um primor!

Doo disco Os Primeiros Forrós de 1953, ao Isso É que É Forró!, de 1981, totalizado “235 faixas do Rei do Ritmo, preenchendo uma lacuna inestimável na cultural musical brasileira”, assegura a gravadora. Trata-se, portanto, de um trabalho fonográfico grandioso e de rara iniciativa na música brasileira. Principalmente nos dias atuais, cuja produção de CDs em escala comercial, acabou.

Segundo o jornalista, crítico musical, produtor e historiador na nossa música, Rodrigo Faour (51 anos de idade), em seu fantástico comentário sobre o autor e sua obra em questão, quando surgiu a proposta para resgatar esse material pela Universal em 2006 (e lançada em 2016), “nossa ideia original era reeditar todos eles (LPs) na íntegra, pois especialmente sua fase (do cantor) Philips é considerada a mais rara e obscura de sua discografia, sendo que jamais foi reeditada, nem mesmo em LP. Entretanto, nos deparamos com autores desaparecidos, alguns sem herdeiros, editoras antigas que foram extintas, entre outros percalços” (1).

Porém, com o passar do tempo e muito empenho, das mais de 50 faixas sem condições de serem recontadas em CD, o salto desse resgato “foi que somente não conseguimos autorização para lançar duas faixas de sua fase de 78 rotações, sete músicas de seus 11 LPs originais apenas uma entre suas 62 faixas avulsas gravadas em compactos e discos coletivos. Convenhamos, um desfalque de apenas 10 faixas num universo de 245 fonogramas representa uma grande vitória “(1), garante Faour.

O paraibano Jackson do Pandeiro (1919-1982), aos poucos “se tornou a segunda maior referência da na dinastia da música nordestina brasileira”, isto é, o primeiro posto foi ocupado pelo reio do baião, Luiz Gonzaga (1912-1989), o Rei do Ritmo, o verdadeiro estilizador do “forró”, não era apenas o representante maior para o Nordeste, mas para todo o Brasil, e também por onde os artistas foram disseminando esse gênero musical, pelo rádio, por shows, discos e, a partir dos anos 60, pela televisão.

Nascido José Gomes Filho, quando era criança “se divertia como podia, brincando de pescar, nadar em lagoas, açudes e brejos, ouvindo o coaxar dos sapos e as rodas de coco promovidas por sua mãe – uma mulher à frente do tempo”. Aos 7 anos de idade o garoto já queria ser zabumbeiro. Mas só conseguiu realizar seu desejo aos 10 anos. Depois aprendeu ganzá e reco-reco. “E assim se tornava a base do grande ritmista que viria a ser por toda a vida”. O grande multi-instrumentista, fosse no baião, xote, xaxado, coco, arrasta-pé, quadrilha, marcha, samba, forró ou no merengue.

Interessantíssima a biografia/discografia de José Gomes, ou melhor de Jackson do Pandeiro, cujas facetas, tanto da vida real quanto da careira se entrelaçam, se completam. Porém, voltemos então, ao trabalho ora em análise – a caixa “o Rei do Ritmo” que agrega os seguintes CDs: 1. Os Primeiros Forrós (duplo), de 1953 a 1957; 2. Os Primeiros Forrós (simples, volume II, de 1957 a 1958; 3. Anos 60 (duplo), volume 1, de 1960 a 1962; 4. Nos anos 60 (duplo), volume II, de 1962 a 1963; 5. Nos anos 60 (duplo), volume III, de 1964 a 1965; 6. Aqui Tô Eu (álbum original), de 1970; 7. Isso É que É Forró! (álbum original), de 1981; 8. Na Base da Chinela (duplo), de 1960 a 1963 (neles estão faixas avulsas de compactos e discos coletivos); e 9. Balança, Moçada (duplo), de 1963 a 1971 (neles constam, também, faixas avulsas de compactos e discos coletivos).

O cancioneiro brasileiro deve muito à genuinidade da arte de Jackson do Pandeiro. Apesar do seu primeiro sucesso ter sido conquista aos 34 anos, ele seguiu criando e cantando até o fim da vida, aos 61 anos. “Seu derradeiro disco acabou sendo sua carta testamento, com sambas e forrós de primeira, incluindo pérolas como Cabeça Feita, Tem Pouca Diferença, Mundo Cão, etc (…). Um cabra, de fato, competente demais que agora tem a maior parte de sua obra eternizada em CD”.

Eis aqui, mais uma pesquisa musical do Facetas indispensável, achamos assim, para os nossos leitores que gostam de música. Aqui, a música contagiante de Jackson do Pandeiro.

Notinha útil – Os nossos sinceros parabéns às famílias Barros, Xavier, Gomes, lá em Pernambuco, pela chegada do primogênito dos jovens pais, David e Winnie, o nosso Heitor. Que o mesmo tenha muita saúde e vida longa.

Fonte: 1. Caixa com 9 CDs + livreto-encarte de “Jackson do Pandeiro, o Rei do Ritmo“, texto de Rodrigo Faour, SP: gravadora Universal, 2016.

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