É só alguém mencionar o nome de uma grande poeta, um grande escritor, e logo, a esse nome é atribuída a uma obra. Foi assim com Machado de Assis, Aluísio de Azevedo, Jorge Amado, no Brasil; Honoré de Balzac, Camões, Edgar Allan Poe, Pablo Neruda, no estrangeiro. E por aí vai. O universo é cada vez mais.
Também é assim com Luís Fernando Veríssimo, Ferreira Gullar, Thiago de Mello e muitos outros. Por exemplo, quando o poeta Amazonense Thiago de Mello é citado, logo há quem diga: “é o autor de Estatutos do Homem”. Muito bem! Só que Thiago é autor de muitas outras obras de grandeza literária tal qual os Estatutos.
Em 1983, a gravadora Som Livre lançou um LP – Antologia Poética de Thiago de Mello – com 26 poemas, todos declamados pelo próprio poeta, cujo nome é Mormaço na Floresta. Consta na contracapa: “Gravado nos estudos da sigla, em 24 canais – Rio de Janeiro – RJ”. Isso quer dizer que a qualidade do trabalho é de alto nível tecnológico. Acredito ser um disco raro.
No poema Amazonas, Pátria da Água, o música Manduka, filho do poeta, faz com o pai, violão, sopros e voz, uma espécie de dueto. É um espetáculo. A sonoridade leva ao ouvinte acreditar que o barulho leve das águas do rio, num finalzinho de tarde, está ali pertinho, do barco, na canoa, do flutuante. O poema é longo e está dividido em quatro partes. Sendo a 3ª, maior de todas.
A seguir selecionei alguns dos mais versos:
Amazonas, Pátria da Água
1 – §. Da altura extrema da cordilheira, onde as
neves são eternas, à água se desprende e
traça um risco trêmulo
na pele antiga da pedra: o Amazonas acaba
de nascer.
s. Planície que ocupa a vigésima parte da superfície
deste lugar chamado Terra, onde moramos.
(…) Aqui está a maior reserva mundial
de água doce (…)
É a Amazônia, a pátria da água.
2 – §. (…) Vem comigo descobrir
as fontes verdes da vida.
mas contigo traz amor,
para com dor aprender.
3 – §. A lei do rio não cessa de impor-se sobre a vida
dos homens. É o império da água. Água que corre
no furor da correnteza, água que leva, água que
lava (…). As água barrentas do Solimões, do
Madeira, águas do Juruá, do Purus. As azuis do
Tocantins, as verdes do Tapajós, do Xingu. As águas
negras de todas as cores do rio Andira, rio da
minha infância.
O rio diz para o Homem o que ele deve fazer.
É o homem segue a ordem do rio. Se não,
sucumbe.
4 – §. Eu venho desse rio generoso
Vem ver comigo o rio e suas leis.
Vem aprender a ciência dos rebojos,
Vem escutar os cânticos noturnos
No mágico silêncio do Igapó
coberto por estrelas de esmeraldas.
Parabéns! Muito interessante!
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