Museu da Academia Pernambucana de Letras: “Até ao amanhecer”

No mês passado a pequena, mas destacada equipe do Facetas, esteve em alguns Centros Culturais de Olinda e Recife (PE), onde coletou dados para, no mínimo, quatro artigos semanais. O 1º deles foi publicado na semana passada: “Oxente, Olinda!” Hoje, a nossa abordagem é sobre o MUSEU da Academia Pernambucana de Letras, situado na Av. Rui Barbosa, 1596, Graças-Recife-PE, Zona Norte, funcionando de terça à sexta-feira, das 9 às 16 H.

A APL tem 123 anos de existência. Porém, atua nesse local desde 1966. Onde a vivenda original era chamada de Ponte D’Uchôa foi adquirida em 1862 pelo grande comerciante português João José Rodrigues Mendes, o Barão Rodrigues Mendes. Essa propriedade ficou sob posse de sua família por mais de 100 anos, ou seja, dele para os seus descendentes.

Ao longo de décadas, “a dimensão do sítio e a feição da casa passaram por diversas ampliações e reformas”, com a ampliação do terreno e intervenções arquitetônicas e decorativas, foi possibilitada a construção de novos cômodos. Por exemplo, fachadas foram revestidas com azulejos portugueses, instalação de pisos de mosaico inglês e lustres de cristal. A família do Barão não media esforços na “perfeição” da obra, que resultou no atual palacete ali fincado.

“O artista francês Eugênio Lassailly foi encarregado de realizar várias pinturas murais, como a da então sala de jantar, atual Salão dos Acadêmicos”. As mobílias chamam a atenção do visitante. Elas são de jacarandá e foram trazidas da Áustria. Aos poucos, portanto, a vivenda original do século XIX, “deu lugar a um suntuoso e singular solar de traçado neoclássico, um raro exemplar de arquitetura de sua época”, como pode ser visto nas fotos feitas por nós, amadores.

A Academia é uma associação sem fins lucrativos. Esse entidade foi “fundada em 26 de janeiro de 1901, há 123 anos, portanto, por Carneiro Vilela e mais 19 escritores pernambucanos”, tornando-se a terceira do Brasil, sendo precedida apenas pela Cearense e pela ABL – Academia Brasileira de Letras, com sede na cidade do Rio de Janeiro.

A APL destaca-se tanto no cenário local como no nacional pela produção literária de seus acadêmicos, seja pelo desenvolvimento da cultura pelas letras, seja pelo estudo da língua portuguesa. E também, por zelar e divulgar o patrimônio literário pernambucano, tanto naquela região quanto a nível nacional.

Esses e outros resultados são obtidos por meio “da realização, individual ou colaborativa, de seminários, colóquios, festivais de feiras literárias, prêmios de literatura, lançamentos de livros e periódicos como revistas, recitais de música, saraus entro outras ações”, que ocorrem periodicamente nas dependências daquela instituição provedora de cultura, de arte, é óbvio.

E o MUSEU? Sim, esse foi devidamente bem concebido pelos seus idealizadores e onde está acomodado, isto é, no casarão neoclássico típico da segunda metade do século XIX, como já mencionado. O Museu é tombado pelo IPHAN – Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, e “possui um extenso patrimônio documental e museológico que contribui para a preservação da história da APL e da memória da intelectualidade do Recife” e do Estado de Pernambuco, como um todo, cuja lista de imortais, é vasta, com nomes conhecidos nacionalmente. Mas, isso fica para um artigo específico.

Sabe-se bem que a exposição permanente dessa e demais entidades afins, tem por objetivo maior, abordar a função cultural e social dentro do cerne acadêmico por todas as Academias Brasil afora. Em Pernambuco não é diferente desse contexto. A APL, por exemplo, “resgata a história e a atuação de seus membros (associados) desde a sua fundação até os dias de hoje”. Busca, da mesma forma, reconstituir o fato histórico e social das casas recifenses do século XIX e do início do século XX, a partir da recuperação do Solar Ponte D’Uchôa (como era chamado o atual palacete) na época que foi residência do Barão Mendes e sua família.

A nossa equipe – deve ser assim com todos os visitantes do MUSEU da APL -, ficou deveras deslumbrada com tudo que viu, com todo o espaço construído: dos jardins ao Salão de Reuniões onde são empossados os novos imortais. Esculturas, livros, quadros, referências biográficas/bibliográficas; os busto de Bocage, de Varela, de frei Caneca, entre tantos outros símbolos históricos e culturais. Na calçada que dar acesso ao prédio consta em azulejos originários da Europa, as seguintes palavras: Ad lucem, ou seja, uma locução latina cuja origem etimológica significa “até à luz”. No entanto, trazendo para o nosso idioma brasileiro, tem o mesmo sentido, assim: “Até ao amanhecer”. Isso mesmo: até à luz do saber; até o amanhecer das ideias; da liberdade de criar, de pensar, de viver.

Eis aqui o que observamos e extraímos daquele lugar luminoso/glorioso, para os nossos leitores que ainda não conhecem aquele espaço. Por isso, estamos compartilhando com todos que acessam o Facetas. Ainda contamos com a companhia do Médico David, da Enfermeira Gabi e do pequeno Heitor, durante todo o percurso. Aos três, os nossos agradecimentos.

Notinha útil – Por falar no Heitor, no último dia primeiro de abril corrente, esse pequeno príncipe, filho do jovem casal Winnie e David, completou mais um mês de vida. O 5º de muito contentamento aos seus pais e parentes das duas famílias. Ao mesmo, os parabéns deste blog.

Por Angeline e Francisco Gomes e Winnie Barros.

Fontes: 1. Nossas observações, anotações e fotos in loco; 2. Folder distribuído na sede da APL.

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