Luiz, para sempre, Gonzaga

É do Drummond esta citação: “Leila, para sempre, Diniz”. Agora utilizamos as suas palavras do poeta para homenagear o sanfoneiro, cantor e compositor pernambucano, assim: “Luiz, para sempre, Gonzaga”. Para tal, no mês passado, a nossa equipe esteve no Memorial que leva o seu nome e é mantido pela Prefeitura, localizado no Pátio de São Pedro, casa 35, São José, no centro histórico do Recife. Vizinho ao MLG funciona o Memorial Chico Science. Lá, também, a recepção foi excelente. Inclusive conhecemos o simpaticíssimo casal de turistas cariocas Laís Menezes e Vando, juntos na foto com estampa do rosto do grande artista Chico Science, neste artigo, ao lado.

Voltando ao tema, Memorial Luiz Gonzaga. Pense num lugar encantador. Além do espaço ser muito bem administrado, a riqueza material (tanto pela originalidade quanto pela qualidade, reunido ao longo de décadas) sobre a vida e a carreira do ‘Rei do Baião’ impressiona o visitante – seja como turista, pesquisador, comunicador, etc. O servidor/atendente Dilson França Barbosa, que enfatiza ser apenas autodidata, ou seja, não é historiador nem museólogo, é muito versátil. E responde sem titubear, a perguntas afins, mas que não estão no seu roteiro diário. Ele é show!

Segundo a gestão municipal, esse espaço “tem por objetivo pesquisar, preservar e difundir a memória de Luiz Gonzaga e da cultura nordestina e, levar ao publico os bens da cultura material e imaterial produzidos pelo MLG, através da pesquisa, com ações do educativo”, acima de tudo. Daí, a exposição permanente (de segunda à sexta-feira) de visitação ao acervo ali muito bem catalogado e apresentado de uma memória vivíssima do notável artista em pauta.

O mantenedor do Memorial em questão é a Fundação de Cultura Cidade do Recife, o qual “foi inaugurado em 02 de agosto de 2008”, ou seja, aquele Centro já tem 15 anos de inquestionável prestação cultural, não somente ao Nordeste, mas a todo Brasil. O MLG tem três Núcleos Operacionais muito bem definidos: 1. O do Educativo (patrimonial, com mediação museal ); 2. O de Música (edição das partituras e a obra musical de Gonzaga); e 3. O de Pesquisa (voltado para o legado do cantor no campo das ciências humanas e sociais).

Num dos painéis ali expostos consta a Cronologia da vida de Luiz Gonzaga. Por questão de resumo, extraímos, apenas, alguns itens, por exemplo. O ano era 1912: “Dia 13 de dezembro, sexta-feira, nasce Luiz Gonzaga do Nascimento, na fazenda Caiçara, em Exu, Pernambuco. Filho do casal Januário José Santos, o Mestre Januário, sanfoneiro de 8 baixos afamado na região, e Ana Batista de Jesus, conhecida por Santana”.

Ainda criança Luiz já estava envolvido com música (seu primeiro cachê foi aos 8 anos). Porém, da juventude até ser reconhecido nacionalmente, a sua trajetória não foi nada fácil. Foram muitos os percalços que o futuro ‘Rei do Baião’ enfrentou. Sua vida profissional, seus amores, seus parceiros musicais, tudo. Tudo foi, aos poucos, sendo construído (e conquistado) ao longo de quase sete décadas de pé na estrada. Até que, em 1989, “Luiz Gonzaga grava pela Copacabana Records seus últimos discos. Em 21 de junho é internado no Hospital Santa Joana, no Recife. Dia 02 de agosto do mesmo ano, ele morre aos 76 anos de idade”, sagrando o seu nome como uma das maiores referências artísticas brasileiras de todos os tempos.

Em outro painel está o legítimo texto: “Representante maior da música popular nordestina, Luiz Gonzaga interfere decisivamente na trajetória da música brasileira ao introduzir no cenário nacional os ritmos do sertão do Nordeste – toadas, xotes, chamegos, baiões, xaxados, emboladas, entre outros. Ao reencontrar-se com suas raízes musicais, plasma a identidade nordestina no imaginário do Brasil, imprimindo ao acordeom das valsas e tangos da época uma nova musicalidade.

Na sua busca obstinada pela essência sertaneja, Luiz Gonzaga vai encontrar nos arquivos da memória os instrumentos musicais para compor uma orquestração diferenciada, com o sotaque de sua terra, criando o primeiro trio de sanfona, zabumba e triângulo. Na vestimenta dos cangaceiros e vaqueiros encontra a sua personalidade estética.

Sua influência não pode ser mensurada. É a tradução musical da própria alma nordestina”.

Lá está, ao alcance do visitante, uma cópia, é claro, do manuscrito de Asa Branca, que segundo a UFRPE – Universidade Federal Rural de Pernambuco – “o hino sertanejo “Asa Branca” foi escrito em 03 de março de 1947 por Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. A música tem uma letra incrível e um significado interessante, então não é à atoa que logo estourou no Brasil (…). O nome vem de uma ave que possui natureza migratória e consegue voar longas distância e altura. “Asa Branca” fala com muita sutiliza de um problema muito sério: a seca do sertão”.

Entre tantos e tantos objetos, lá estão também, um exemplar da sanfona de 8 baixos, conhecida como Pé-de-bode (aquela dos famosos versos: “Luiz respeita Januário/Respeita os oito baixos do teu pai!”). A sanfona é considerada pelos músicos com um dos instrumentos mais difíceis der sua execução. No entanto, temos grandes mestres, além de pai e filho aqui citados, Dominguinhos, Sivuca, e muitos outros; o Long Play (LP) de 10 polegadas e 33 rpm “Aboios e Vaquejadas” lançado pela RCA Victor em 1956, está exposto lá. Contudo, escolhemos alguns fotos entre tantas outras.

Esperamos que esta síntese possa agradar aos nossos leitores, principalmente àqueles que ainda não conhecem pessoalmente o citado Memorial. Lugar de cultura, de arte, e de boas lembranças do grande homem, do grande artista Luiz Gonzaga do Nascimento.

Notinha útil – Enquanto os pais, padrinhos e avós se preparam para o batizado do pequeno Heitor, na cidade do Recife (PE) na próxima semana; no último dia 08 deste mês, nasceu em Vilhena (RO), o João Miguel, primogênito do jovem casal Tereza e Maycon. A bisa, dona Angelina, que no mês passado completou 88 anos, vive contentíssima com essas notícias familiares, assim como avós maternos Fátima e José. Aos nascidos, Heitor e João Miguel, os parabéns do Facetas! Que tenham muita saúde e vida longa.

Por Angeline e Francisco Gomes e Winnie Barros

fontes: 1. memorialluizgonzaga@recife.pe.gov.br 2. Anotações, observações, entrevista ao guia e fotos autorizadas no próprio MLG.

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