Lembranças de ontem à tarde


           O Desembargador aposentado, Lafayette Carneiro Vieira, o qual dedicou considerável parcela da sua vida aos feitos jurídicos em prol da Justiça do Estado do Amazonas, também soube reservar tempo às letras poéticas. Chefe de um clã religioso, no período natalino, há a tradicional reunião familiar para elevar o nome do Menino Jesus.
            É dele, por exemplo, o poema abaixo, por mim publicado na íntegra, neste espaço:

                                                           Cartão de Natal

Feliz Natal, páreas da Terra,
filho do medo, injustiçados, desiludidos
homens aflitos, homens sem fé,
que geram mágoas,
que geram assombros,
que criam abismos,
que geram incêndios,
porque, famélicos, desesperançados,
procuram a luz e encontram a treva;
buscam o sorriso e encontram a lágrima;
buscam a compreensão e encontram a hipocrisia;
buscam a alegria e encontram a tristeza;
buscam o céu e encontram a revolta;
buscam o perdão e encontram a vingança;
buscam a indulgência e encontram o desprezo;
buscam a piedade e encontram o egoísmo;
buscam a caridade e encontram o desamor;
buscam o amor e encontram o ódio;
buscam a solidariedade e encontram a violência;
buscam a paz e encontram a guerra!
Feliz Natal, homens dos cosmos,
essência deletéria dos instintos,
gênese letal de todas as frustrações,
atávicos produtos de anômalos segredos,
neuropatas do século atômico,
século da dadiatividade e dos transplantes,
das experiências bacteriológicas,
e das simbioses inorgânicas.
Século da máquina substituindo o homem,
do homem buscando suplantar a morte,
do homem querendo perpetuar a vida,
do homem querendo ser maior que Deus!
Feliz Natal, homens normais,
homens mortais, homens do povo,
homem que é povo,
homem que morre, que crê na vida,
que crê em Deus!
Feliz Natal, gente que é gente,
que sonha muito, que peca sempre,
que chora mágoas, que tem esperanças,
que tem certeza que vem do pó
que tem certeza que volta ao pó.
Feliz Natal, trabalhadores
homens de fé, governadores,
homens de lei, gentis políticos,
mocidade estudiosa, Brasil católico,
Brasil criança, Brasil esperança,
Brasil sem guerra,
Brasil constituinte,
sem preconceitos e sem Apartheid,
Brasil de todas as raças,
de todos os credos,
Brasil de todos os sonhos,
Brasil de Papai Noel,
Brasil de Cristo Redentor,
Brasil da paz,
Brasil de Deus!
Feliz Natal, meu pai!
Feliz Natal, minha mãe!
– vividas lembranças dos longínquos natais
da minha infância!
Feliz Natal, esposa minha!
– seiva e estímulo da minha exortação!
Feliz Natal, meus filhos!
– orgânicas substâncias do meu ser!
Feliz Natal, pra ti, pra mim, pra todos nós,
que nos queremos, enfim, pra todos nós,
que nos amamos!
Feliz Natal!
Feliz Ano Novo!
Não importa se o poema é da última década do século passado. O que importa são as palavras acima ditas que nos levam a refletir sobre a vida e amar a todos.

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